Passados mais de dois anos depois que o Congresso em Foco revelou a existência do golpe da creche na Câmara, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) elevou o tom das afirmações a respeito de seu ex-motorista, Francisco José Feijão, o Franzé, acusado de chefiar a quadrilha do “golpe da creche”. No início, em setembro de 2009, ele não acusou diretamente o ex-servidor. Afirmou apenas que ele poderia ter “enganado” sua chefe de gabinete, para depois afirmar que Franzé lhe disse ter contratado pessoas sem intenção de obter lucro.
Leia as frases de Mabel e Raymundo Veloso sobre o golpe da creche
Leia outros destaques de hoje no Congresso em Foco
Em julho de 2010, porém, em depoimento ao juiz da 9ª Vara Cível de Goiânia, Sandro Mabel já subia o tom. No depoimento, dez meses depois das primeiras declarações, ele dizia ter sido “vítima” de Franzé, integrante de um “esquema de desvio de dinheiro”. “(…) o Requerente também foi vítima, pois (…) nunca poderia imaginar que ele poderia fazer parte de tal esquema de desvio de dinheiro”, diz Mabel no depoimento.
Leia também
As declarações de Mabel foram prestadas como parte de uma ação que o deputado moveu contra o Congresso em Foco, em que exige indenização por danos morais por supostamente ter sido ofendido com reportagens sobre o tema. Em ação semelhante, patrocinada pelos advogados de Mabel , o site foi absolvido, embora o caso já tramite em segunda instância.
No texto ao juiz, Mabel presta novos esclarecimentos sobre o fato de ter ajudado Franzé a pagar um automóvel, que também era usado pelo próprio deputado, como revelou o site. O parlamentar confirma que ajudou a comprar o carro. Diz que fez isso porque costuma ajudar as pessoas que trabalham com ele. “Essa ajuda não tem relação alguma com o caso investigado e partiu da vontade do Autor, que tem o costume de ajudar seus funcionários, haja vista que o carro seria utilizado também pelo Autor”, afirmou o deputado, por meio de seus advogados.
PublicidadeNa quinta-feira passada (12), Mabel respondeu ao Congresso em Foco em tom semelhante ao que dissera ao juiz. Seus assessores enviaram uma nota ao site na qual não citam o nome de Franzé, mas reforçam a crítica indireta ao ex-motorista. A nota afirma que uma “quadrilha” passou, “infelizmente”, pelo gabinete de Mabel.
A íntegra da nota
Atendendo à solicitação do portal de notícias Congresso em Foco, por meio de contato do jornalista Eduardo Militão, o deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO) envia a seguinte nota:
Trata-se de uma quadrilha que atuava na Câmara dos Deputados e que, infelizmente, também passou pelo gabinete do deputado Sandro Mabel. O parlamentar aguarda o resultado das investigações e espera que os culpados sejam punidos.
Atenciosamente,
Assessoria de Imprensa do Deputado Sandro Mabel (PMDB-GO)