Fábio Góis
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), divulgou há pouco nota de pesar pela morte do escritor português José Saramago, ressaltando sua “convivência estreita e carinhosa” com o “centauro que dividia a literatura com a política”. Único escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, e vencedor do Camões de 1995 (principal premiação literária de Portugal), o autor de obras como Ensaio sobre a Cegueira (que virou filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles) e Ensaio sobre a Lucidez morreu na manhã desta sexta-feira (18) em uma ilha espanhola, aos 87 anos.
Membro do Partido Comunista Português, Saramago deixa como legado vasta obra literária, da qual constam livros, poemas, crônicas, contos e peças teatrais. Ficou mundialmente conhecido com a publicação de Ensaio sobre a cegueira e o best seller O evangelho segundo Jesus Cristo (1991), com o qual causou perplexidade e revolta no mundo cristão com a postura de ateu – razão pela qual eleitores da presidenciável Marina Silva (PV-AC) publicaram críticas no Twitter.
Para Sarney, que é membro da Academia Brasileira de Letras, Saramago “deixa marca indelével” e “morreu no ápice de sua produção literária”.
Confira a nota de pesar assinada por José Sarney:
“A perda de um escritor do porte de José Saramago abre um espaço na literatura de língua portuguesa. Autor de estilo difícil e provocador, trabalhava seus personagens sempre com características psicológicas. Quando foi escolhido Nobel, achei que tinham preterido Jorge Amado, maior do que ele. Mas Saramago tornou-se um personagem mitológico, um centauro que dividia a literatura com a política, sempre em posições críticas sobre a sociedade atual.
Tínhamos uma convivência estreita e carinhosa. Mas ele me conquistou definitivamente quando visitou o Maranhão, em 1989, e deslumbrou-se com a arquitetura colonial portuguesa de São Luís. Ao olhar as ruínas de Alcântara, disse que aquele era o lugar ideal para se passar os últimos dias da vida. Tive a honra de ser escolhido para saudá-lo quando, em 1997, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília.
Saramago morreu no ápice de sua produção literária. Prova disso é o seu último livro intitulado ‘Caim’, onde repete a temática exuberante e uma jovialidade que enganava a idade cronológica. Deixa marca indelével.
José Sarney”
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