Após prestar depoimento ao Senado, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou no início desta tarde que permanece no cargo e que só deixará o governo se for da vontade da presidenta Dilma Rousseff. “Eu tenho todas as condições políticas. Tranquilidade, serenidade e, repito, não há nenhuma acusação contra a minha pessoa”, disse o ministro. “Meu cargo é de confiança da presidente da República. Depende dela”, acrescentou.
Na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), Lupi negou ter dito que não conhecia o empresário Adair Meira, dono de ONGs conveniadas com o ministério que teria “providenciado” um avião que transportou o ministro até o Maranhão. Disse que sua fala foi descontextualizada e que respondeu que não tinha relação pessoal com Adair. Afirmou, ainda, que não mentiu ao ter declarado que não havia viajado na aeronave “particular” do empresário.
Leia também
Lupi nega ter dito não conhecer dirigente de ONG
O presidente em exercício do partido, deputado André Figueiredo (CE), afirmou que o PDT não fará articulações pela permanência de Lupi no cargo e que a decisão de sua permanência será de inteira responsabilidade da presidenta Dilma. “Não está em pauta a permanência do ministro. O PDT não vai chegar e tirar um posicionamento: ministro Lupi saia ou presidenta Dilma, nós queremos que o ministro Lupi fique. O PDT vai deixar isso muito à vontade para a presidenta”, disse.
Apesar da posição, o Figueiredo garantiu que o partido apoia o ministro. O presidente também garantiu que o partido não foi o responsável pelo pagamento da aeronave usada pelo ministro em viagem ao Maranhão em 2009.
Mesmo com as explicações apresentadas hoje por Lupi, os dois senadores mais expressivos do partido, Cristovam Buarque (DF) e Pedro Taques (MT), defenderam que o ministro entregue o cargo.
“Penso que essas denúncias devem ser investigadas, a questão jurídica deve ser remetida ao local apropriado, como Ministério Público, Polícia Federal e a questão política deve ser discutida aqui, como fizemos hoje. O PDT deve se afastar do ministério”, disse Taques. O senador mato-grossense disse que a eventual saída do partido do ministério não significa que a legenda migrará para a oposição. “Eu confio no ministro Lupi, mas acho que agora é melhor que ele deixe a pasta”, disse.
“Vivemos em um presidencialismo de coalizão em que os ministérios acabam sendo aparelhados pelos partidos. Não que o Ministério do Trabalho tenha sido aparelhado pelo PDT, mas é isso que acontece na maior parte dos casos”, afirmou Taques.
Racha
No entanto, a posição defendida pelos dois senadores ainda não é unânime dentro do partido. Para o senador Acir Gurgacz (PDT-RO), líder da bancada no Senado, o que foi dito pelos outros dois senadores são opiniões pessoais que não condizem com a posição oficial do partido. “Nós ainda vamos conversar para decidir, mas o PDT deve continuar no ministério”, afirmou. Para ele, Lupi saiu fortalecido da audiência e sua permanência na pasta é muito importante para o partido.
Uma reunião partidária estava marcada para a tarde de hoje, mas foi desmarcada. Ainda não há previsão para um encontro oficial do partido. No entanto, os senadores pedetistas afirmaram que almoçariam com o presidente do partido para comentar as declarações dadas por Lupi na audiência desta quinta-feira.