De volta ao trabalho após 15 dias de férias, o presidente Lula disse hoje (12) que seu governo não cortará investimentos por causa da crise mundial e que os economistas que apostam no baixo crescimento da economia brasileira este ano vão errar suas projeções.
“Vão errar. Podem ficar certos de que vão errar. Eu só estou dizendo que os economistas que estão apostando no crescimento de 2% vão errar”, disse o presidente, logo após participar da abertura da maior feira calçadista da América Latina, a Couromoda, que está realizada em São Paulo.
O presidente admitiu, porém, que o primeiro trimestre será decisivo para se verificar o impacto da crise no país. “Se não tomarmos a iniciativa de fazer as coisas acontecerem neste primeiro trimestre, aí, sim, corremos o risco de fazer com que a crise chegue aqui mais forte do que deveria chegar”, reconheceu.
Medidas em estudo
De acordo com o presidente, o governo estudará ao longo deste mês todas as medidas para evitar o arrefecimento da economia brasileira. “O problema é que no mundo desenvolvido eles estão discutindo a recessão, e nós estamos discutindo se vamos crescer 4, 3, 2 ou 5%. Nós, governo, vamos trabalhar para crescermos o máximo possível, e o governo continua trabalhando com a possibilidade de fazer com que o crescimento chegue a 4%”, emendou o presidente.
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Lula disse que fará os cortes que forem necessários em custeio e que não deixará de tomar nenhuma medida para manter o crédito e a geração de emprego e renda. “Não faltará dinheiro para investimentos, se for necessário mais 20, mais 30, mais 40, não importa, nós vamos fazer, por que agora é a hora do Estado provar que o mercado é muito importante, mas um Estado forte é importante para o Brasil e para qualquer país do mundo”.
O presidente incentivou os empresários a continuarem investindo e destacou a importância da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no monitoramento da execução das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Por isso é que a dona Dilma tem a responsabilidade de não permitir que pare nenhuma obra do PAC. Pelo contrário, inventar novas obras importantes para o Brasil, descobrir novas necessidades do Brasil para que a gente faça os investimentos. Só posso dizer para vocês: não faltará dinheiro para investimentos", disse Lula.
Banco Mundial e FMI
O petista voltou a criticar instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial por não interferirem na condução da economia dos países desenvolvidos mais afetados pela crise.
“Parece que aquelas instituições, que sabiam tudo quando a crise era aqui, não sabem nada quando a crise é lá. Ou, pelo menos, não têm condições de dar, com a arrogância com que faziam aqui, os palpites que tinham que ser dados”, criticou.
Segundo presidente, seu otimismo se deve à certeza de que os países ricos são os maiores interessados em que a crise não perdure. “Com a conseqüência de desemprego, que vai acontecer exatamente nesses países, corremos o risco de uma convulsão social que o mundo desenvolvido não esperava que acontecesse no século 21”, declarou o presidente. (Edson Sardinha)