O presidente Lula rechaçou nesta manhã, durante entrevista à rádio CBN, a comparação feita pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio de Mello, de que o escândalo do dossiê é semelhante ao caso Watergate, que derrubou o ex-presidente americano Richard Nixon, em 1974. "Não tem nada a ver essa comparação feita, inclusive, num momento impróprio. Na outra o presidente mandou investigar um partido, nesta as pessoas compraram um dossiê. Duas coisas distintas e condenáveis", afirmou.
Lula ironizou a atuação de Jorge Lorenzetti e Expedito Afonso Veloso, que atuavam na área de análise de risco de sua própria campanha. Segundo o candidato, o serviço de inteligência do PT "não era tão inteligente assim" por ter se envolvido na compra do dossiê que ligaria os candidatos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin à máfia das sanguessugas.
Momento de loucura
O presidente também disse que considera "inexplicável que pessoas com décadas de carreira joguem isso fora por uma imbecilidade". "Só posso entender que essas pessoas estavam imbuídas de um momento de loucura ao negociar com o Vedoin (Luiz Antônio, acusado de chefiar a máfia das ambulâncias)", disse o candidato.
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Fatores externos
Durante a entrevista, o presidente disse não acreditar que a bolsa de valores tenha caído e o risco país e o dólar tenham subido esta semana por causa do escândalo do dossiê. Ele lembrou que o mercado está agitado por causa de fatores externos, como o golpe de Estado na Tailândia e a crise institucional na Hungria. "Eu não acredito que seja por causa disso que o mercado tenha oscilado. Tem um grupo de empresários que briga na imprensa e quer que o dólar suba um pouco e chegue a R$ 2,20, R$ 2,30. Nós temos neste momento uma crise na Hungria, oscilação no Equador e uma crise também nos Estados Unidos. Isso pode ter interferido na economia do Brasil. Mas a economia nunca esteve tão bem".
O presidente também responsabilizou o governo Fernando Henrique Cardoso pelo baixo crescimento econômico registrado pelo país nos últimos anos. Lula disse que os indicadores hoje não são melhores só porque havia uma crise antes de ele assumir a Presidência. "Se você pegar a média da nossa economia, vai ver que está consolidada", afirmou. A meta para o próximo mandato é aumentar as Parcerias Público Privadas (PPPs) para incentivar o desenvolvimento. "Com uma forte cara social, o Estado tem pouca capacidade de investimento. Por isso buscamos as PPPs. Agora nós estamos chamando os empresários para discutir".
Excessos da oposição
Lula voltou a afirmar que a oposição quer "melar" sua reeleição usando o escândalo do dossiê, mas reconheceu que também cometeu excessos quando era oposicionista. "O papel da oposição é esse também. O PT também foi oposição e criticou muito. Mas não podemos confundir a briga ideológica comigo com a briga contra o projeto de governar este país. Por conta do comportamento da oposição, estamos com o Fundeb há mais de um ano e meio parado. Não me importo que eles falem o que quiserem de mim, mas quero que tenham responsabilidade".
Promessa de debate
O presidente não confirmou se vai ou não participar do debate dos presidenciáveis na TV Globo, na próxima quinta-feira (28). Ele se comprometeu a dar mais explicações e detalhes à população se for para o segundo turno. "Se eu for para o segundo turno, eu faço um debate diário. Tem que saber que hora e qual o interessa do debate. O que menos existe neste país é a confrontação de idéias. Eu sei o que os adversários querem saber e o que querem perguntar. Tenho pós-graduação em debate. Na hora certa nós vamos decidir se iremos ou não. Há outras maneiras de dar satisfação ao povo. Mas não entenda que eu não vou ir".
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