Reportagem da Folha de S. Paulo publicada na edição de hoje revela a estratégia que do PT para eleger seus candidatos a deputado estadual e federal, na primeira eleição depois da crise do mensalão que pode ter abalado a credibilidade do partido. Segundo a reportagem, o PT decidiu “esconder” os candidatos e apostar no carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o grande puxador de votos para as eleições parlamentares.
O PT nacional recomendou aos diretórios estaduais que, no horário da propaganda política dos parlamentares, dêem maior visibilidade às ações do governo federal e reforcem a importância de o presidente ter uma base forte no Legislativo. A idéia é incentivar o voto de legenda e desestimular a personalização da disputa.
A matéria, assinada pelos repórteres Lílian Christofoletti e Rogério Pagnan, informa que a direção do partido avalia que, como reflexo dos recentes escândalos, nenhum dos candidatos terá potencial de puxar votos de legenda. Ao contrário, teme-se que a exposição de candidatos citados no caso do “mensalão”, por exemplo, possa acabar provocando reação contrária na opinião pública.
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Campanha institucional
Nos programas de TV, em vez da tradicional imagem dos candidatos pedindo votos, terão destaque o aumento do salário mínimo e a redução do desemprego, por exemplo.
“Faremos uma campanha mais institucional de defesa da bancada federal e do próprio partido. Os candidatos farão aparições pequenas no horário eleitoral, todos terão o mesmo tempo de TV”, disse o secretário-geral do PT de São Paulo, vereador João Antonio.
Nem mesmo o presidente nacional da sigla, Ricardo Berzoini, que tenta uma vaga como deputado federal, terá tratamento diferenciado. “Se o Berzoini tiver de responder pelo PT por conta de alguma agressão, irá falar, mas sem pedir votos. Cada candidato terá de se virar para conseguir votos”, disse João Antonio.
O atual cenário é muito diferente do vivido na eleição de 2002, quando José Dirceu, Antônio Palocci e José Genoino desfilavam como alguns dos políticos mais influentes do PT.
Dirceu teve os direitos políticos cassados por suposta participação no “mensalão”; Palocci e Genoino, também acusados de irregularidades, tentarão uma vaga na Câmara dos Deputados de forma discreta e sem o mesmo prestígio do passado.
Genoino, que conta com a ajuda informal de Dirceu, disse que fará uma campanha longe dos holofotes. “Eu vou falar só com o povo.”
Palocci, que se afastou do reduto eleitoral dele, Ribeirão Preto (SP), desde sua ida para o Ministério da Fazenda, em 2003, espera herdar no Estado os votos dos eleitores da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), que não é candidata e o apóia.
Mensaleiros
Em condição delicada estão também os deputados petistas João Paulo Cunha (SP), José Mentor (SP), Professor Luizinho (SP), João Magno (MG), Josias Gomes (BA) e Paulo Rocha (PA), todos citados como beneficiários do “mensalão”.
O partido acredita na eleição de Palocci, de Genoino e de João Paulo, que tem Osasco (SP) como reduto.
“Não há constrangimento em nenhuma das candidaturas, todas são legítimas”, disse Berzoini. “A diferença de enfoque da campanha foi pautada pela necessidade de reforçar a base de apoio ao presidente Lula no Congresso.”
Perfil
Dezenove dos 22 deputados do PT na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo vão buscar a reeleição. Os demais disputam uma vaga na Câmara dos Deputados (Cândido Vaccarezza, Ítalo Cardoso e Renato Simões).
Da lista geral de candidatos, 90 são homens e 17, mulheres. Na Câmara dos Deputados, os 16 parlamentares paulistas do PT vão buscar a reeleição. Entre os candidatos, 48 são homens e 9, mulheres.
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