Após um almoço com presidente do Panamá, Martín Torrijos, Lula evitou comentar as denúncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgadas em reportagem da revista Veja que chegou às bancas hoje (leia mais). Lula disse que não leu a matéria, mas afirmou que "é preciso dar a chance ao acusado de prestar explicações".
"Aprendi nesse período todo que pobre de quem fizer o julgamento de uma pessoa por uma matéria. Essas coisas têm que ter um processo, têm que ter uma investigação, têm que ter a chance daquele acusado de prestar as explicações", acrescentou.
A edição de hoje da revista traz indícios de que Cláudio Gontijo, lobista da empresa Mendes Júnior, pagava contas pessoais de Renan Calheiros. Segundo o repórter Policarpo Júnior, o lobista pagou, de janeiro de 2004 até dezembro do ano passado, R$ 12 mil mensais de pensão para uma filha do senador, de três anos de idade.
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Gontijo também teria bancado, até março passado, o aluguel de um apartamento em Brasília, no valor de R$ 4,5 mil, para Renan. A soma, no valor de R$ 16 mil, seria entregue todos os meses num envelope, timbrado e com o nome de Cláudio Gontijo, à jornalista Mônica Veloso, mãe da filha do parlamentar.
A denúncia de Veja, que antecipou sua edição semanal por conta da reportagem, agrava a situação do presidente do Senado, atingido pela Operação Navalha. De acordo com a PF, Renan foi procurado para facilitar a liberação de verbas para obras de construção de canais tocadas pela empreiteira Gautama, apontada como carro-chefe do esquema, em Alagoas.
O senador admite conhecer Zuleido Veras, dono da empreiteira, e ter facilitado a liberação de recursos para obras da construtora em seu estado natal. Mas insiste que o fez a pedido do governo estadual e que jamais teve relação de intimidade com o empresário. (Carol Ferrare)