O presidente Lula quer uma saída honrosa para o atual presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que disputa a reeleição e é considerado um “companheiro leal” pelo petista. Lula enviou um recado ao líder do governo e adversário do comunista, Arlindo Chinaglia (PT-SP), dizendo não desejar que Aldo saia humilhado da disputa.
Uma das alternativas vislumbrada por Lula para recompensar o amigo é de entregar-lhe um ministério na próxima reforma, anunciada para o final do mês. Por enquanto, Aldo está cotado para assumir a Defesa. Outra saída avaliada por Lula seria inverter os cargos dos dois adversários e tornar o atual presidente da Casa no novo líder do governo no local.
O presidente teme que Aldo saia muito chamuscado da briga pela Mesa Diretora e não tenha condições de assumir nenhum dos outros dois postos. Alguns petistas defendem que é o próprio Aldo que tem se humilhado ao dar declarações negativas e chamar a própria estratégia de “resistência”, além de comparar a disputa a uma guerra.
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Disputa paralela pelas outras 11 cadeiras
Não é só a presidência da Câmara a razão pela disputa entre os parlamentares. Os 11 cargos da Mesa Diretora também despertam os interesses dos deputados. Dessas, a vice-presidência, a primeira secretaria e a corregedoria fazem parte de negociações, de acordo com matéria da Folha de São Paulo.
A vice-presidência, por exemplo, fez parte do acordo entre PT e PSDB para definir o apoio tucano ao candidato petista Arlindo Chinaglia (SP). Para ocupar a cadeira, o nome mais cotado é do deputado Nárcio Rodrigues (MG), afilhado político do governador mineiro, Aécio Neves (PSDB).
O primeiro-secretário, responsável por controlar a criação de cargos, definição sobre obras e licitações, é cogitado para ficar com o PMDB. A indicação do partido deverá ser do deputado Wilson Santiago (PB).
As cadeiras da corregedoria e da segunda vice-presidência também são visadas pelo PSDB e pelo PFL. Os demais partidos que ainda têm direito a um assento, de acordo com a regra da proporcionalidade, almejam ocupar a segunda, a terceira ou a quarta secretarias, por onde passam decisões práticas de interesse dos parlamentares.
“A Mesa tem 11 vagas, sete para titulares e quatro para suplentes. Todas os cargos são decididos no voto, mas as indicações obedecem ao critério da proporcionalidade: os partidos com maior representação na Casa têm direito de escolher com prioridade o cargo que preferem disputar”, afirmam os repórteres Letícia Sander e Silvio Navarro.
Suplentes fazem contratações "temporárias"
Com o recesso parlamentar, os suplentes de deputados federais aproveitam para ficar no cargo por apenas um mês. Apesar do pouco tempo de exercício, eles estão contratando até 25 funcionários para trabalhar durante o período. Cada deputado pode gastar até R$ 50 mil para contratação de pessoal.
Dos 22 suplentes que tomaram posse neste mês, 16 não farão parte da próxima legislatura, uma vez que não conquistaram a reeleição. Mesmo assim, receberão o salário de R$ 12,8 mil e ainda têm direitos a outros benefícios como o auxílio-moraida, de R$ 3 mil.
Alguns suplentes fizeram acordos com os antecessores para deixar os funcionários antigos no cargo, mas outros resolveram contratar novas pessoas. Como os deputados Chico Sardelli (PV-SP), Lavoisier Maia (PSB-RN) e José Rajão (PSDB-DF).