O presidente Lula, em entrevista concedida esta semana a três jornais europeus (o italiano La Repubblica, o espanhol El País e o francês Le Figaro), afirmou que o Brasil precisa de uma "operação mãos limpas", referindo-se ao processo que nos anos 90 conteve um esquema de corrupção que mudou o cenário político italiano.
Entretanto, Lula ressaltou que estava "orgulhoso" da "batalha contra a corrupção" desempenhada pelo governo dele. De acordo com o presidente, a Polícia Federal, entre 2003 e 2006, realizou 300 operações anticorrupção contra 48 nos oito anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Para Lula, foi um "golpe duríssimo" o envolvimento de integrantes do PT em denúncias de corrupção. No entanto, ele afirmou que o dever do governo é ser "intransigente". "Todos os que estão envolvidos em acusações de corrupção devem ser processados, nenhum deles terá proteção do meu governo", declarou.
"Sócio de outros países"
Sobre o papel de liderança que o Brasil tem desempenhado na América Latina, Lula defendeu o fim da hegemonia no continente. "Eliminamos do nosso dicionário o verbete hegemonia. O Brasil não quer liderar nada, quer ser sócio de todos os países e trabalhar em harmonia para que o povo possa ver nosso continente crescer", disse.
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Quanto à "relação privilegiada" que o país teria com os EUA apesar do Brasil ter demonstrado afinidades com lideres contrários aos norte-americanos, como o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales, Lula respondeu que uma coisa não interfere na outra.
"A relação da Venezuela com os Estados Unidos não é a do Brasil. Cada presidente governa em função da cultura política de seu país. Quando se trata de política externa na América do Sul, pensamos igual, mas quando se trata de relações estratégicas, ele pode pensar uma coisa e eu, outra", ressaltou.
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