Em seu programa semanal de rádio, o presidente Lula disse hoje (22) que irá se reunir em breve com os governadores dos estados do Norte e do Nordeste para definir ações governamentais mais ousadas para reduzir a desigualdade entre essas regiões e o restante do país. Segundo ele, apesar de os indicadores apontarem que há uma diminuição na distância entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil, essa correção precisa se dar em ritmo mais acelerado.
Uma das alternativas para a melhoria das condições de vida dos moradores do Norte e do Nordeste, segundo Lula, está na execução de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “As obras do PAC que vão surtir grandes efeitos no Norte e Nordeste, e também no Sul e no Sudeste, começarão a aparecer quando nós tratarmos da questão da coleta de lixo ou da questão das casas com coleta de esgoto”, afirmou.
Outro caminho para a redução da desigualdade regional, apontou, será a destinação de recursos obtidos com a exploração do pré-sal para políticas sociais.
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“O Brasil precisa de muita política social. Por isso é que eu tenho dito que com a descoberta do petróleo na área do pré-sal uma parte desses recursos do petróleo precisa ser canalizada prioritariamente para a gente resolver o problema da pobreza no Brasil, das desigualdades e o problema da educação. E eu estou convencido de que estes números são bons e que podem melhorar ainda mais”, declarou.
No Café com o Presidente, Lula ainda comemorou os indicadores divulgados semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia, que sinalizam para o crescimento do emprego formal no país e o aumento do número de brasileiros que contribuem para a Previdência. “Mas gostaria de estar mais feliz se as coisas estivessem andando mais rápido. Vamos continuar trabalhando para que as coisas andem muito mais rápido”, afirmou.
Veja a íntegra do Café com o Presidente:
“Apresentador: Olá, você em todo Brasil, eu sou o Luciano Seixas e estamos começando agora o programa de rádio do presidente Lula, o Café com o Presidente. Olá, presidente Lula, como vai? Tudo bem?
Presidente: Tudo bem, Luciano.
Apresentador: Presidente, o senhor está falando de São Paulo, da Base Aérea, e nós estamos aqui nos estúdios da EBC. Semana passada foi divulgada mais uma pesquisa do IBGE mostrando que a desigualdade no Brasil caiu. Estamos no caminho certo, presidente?
Presidente: Luciano, eu fiquei feliz com a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas gostaria de ter ficado muito mais feliz porque eu sempre quero mais crescimento, sempre quero mais distribuição de renda. É lógico que os números do IBGE são satisfatórios, porque, veja que nós tínhamos um índice de 0,563 em 2002 e ele cai para 0,528 (medido pelo índice de Gini, usado pela ONU para estabelecer o nível de desigualdade entre ricos e pobres), numa demonstração inequívoca de que está melhorando a vida do povo. E isso significa mais emprego, significa mais renda, significa que o povo está tendo acesso a mais produtos que antes eram difíceis de ter acesso. Eu penso que os números são bons, se a gente analisar a queda da desigualdade provocada e mostrada no índice, eu acho que é muito importante quando mostra que o desemprego tem caído desde 2003. É muito importante quando mostra que os trabalhadores com carteira profissional cresceram 6,1% e o que é mais importante é que pela primeira vez, desde a década de 90, a porcentagem dos trabalhadores que contribuem para a Previdência ultrapassa os 50%. Tudo isso é importante se a gente levar em conta que também a renda média dos trabalhadores continua crescendo. Ora, se a gente continua num ritmo de crescimento econômico, se a gente continua num ritmo de distribuição de renda e a gente começa a perceber que mais gente está tendo acesso a fogão, a geladeira, a televisão, a computador, que mais gente está tendo acesso a melhor qualidade de comida, nós vamos perceber claramente que o Brasil está no caminho certo e por isso eu disse no início que estava feliz. Mas gostaria de estar mais feliz se as coisas estivessem andando mais rápido. Vamos continuar trabalhando para que as coisas andem muito mais rápido.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente. Hoje falando sobre a Pnad 2007. Agora, presidente, embora os indicadores mostrem que a desigualdade vem caindo, as regiões Norte e Nordeste ainda apresentam algum problema, ficam aquém da expectativa. O senhor tem um plano de ação para esta situação, presidente?
Presidente: Olha, primeiro nós temos que ter em conta que historicamente e quase que secularmente houve uma desigualdade muito grande entre o Sul e o Sudeste do Brasil com relação ao Norte e ao Nordeste. E nós estamos percebendo que ao longo desses últimos anos a gente vem diminuindo esta desigualdade. A renda do trabalhador tem crescido lá acima da média. Tem crescido acima da média a geração de emprego do trabalhador nas regiões Norte e Nordeste. Mas nós precisamos fazer alguma coisa especial para o Norte e o Nordeste para diminuir a desigualdade. Por isso, com base nesta pesquisa do IBGE, eu quero chamar os governadores do Norte e do Nordeste para que a gente tome algumas atitudes mais, eu diria, ousadas com relação ao Norte e ao Nordeste brasileiro. As obras do PAC que vão surtir grandes efeitos no Norte e Nordeste, e também no Sul e no Sudeste, começarão a aparecer quando nós tratarmos da questão da coleta de lixo ou da questão das casas com coleta de esgoto. Tudo isso vai começar a aparecer melhor. Daí porque o meu otimismo de que nós vamos conseguir avançar e avançar muito ainda. Como nós queremos avançar na melhoria da qualidade de ensino, como nós queremos melhorar no combate ao anafalbetismo. E precisa ter políticas especiais porque também na questão da educação e no analfabetismo há uma discrepância muito grande entre o Sul/Sudeste e o Norte/Nordeste brasileiro, numa demonstração de que nós precisamos fazer mais esforço ainda para alavancar ainda mais o Norte e o Nordeste brasileiro para que o Brasil se torne mais justo e mais igual. Por isso eu quero fazer essa reunião com os governadores e, depois, tomar algumas decisões dentro do governo para a gente melhorar mais rapidamente a situação dos brasileiros que morem em regiões mais empobrecidas.
Apresentador: Presidente, o senhor falou de mais emprego, mais renda, menor desigualdade. Significa o brasileiro vivendo melhor e consequentemente mais feliz. A pesquisa do IBGE também mostra avanços na área social?
Presidente: Mostra, mostra porque são exatamente os investimentos que nós fazemos na política social que melhoram a qualidade de vida do povo, não é? E nós também precisamos fortalecer a política social. Ou seja, nós temos dois anos e 3 meses de governo ainda. Temos mais da metade do segundo mandato. Nós já temos a experiência acumulada desses seis anos e agora é aperfeiçoar e fazer mais coisas ainda porque nós estamos apenas começando a fazer as políticas sociais que nós temos na cabeça. O Brasil precisa de muita política social. Por isso é que eu tenho dito que com a descoberta do petróleo na area do pré-sal uma parte desses recursos do petróleo precisa ser canalizada prioritariamente para a gente resolver o problema da pobreza no Brasil, das desigualdades e o problema da educação. E eu estou convencido de que estes números são bons e que podem melhorar ainda mais. Vai ser melhor o de 2008, vai ser melhor o de 2009, vai ser melhor o de 2010. E Deus queira que seja melhor a cada ano, para que a gente possa, daqui a alguns anos, ter o Brasil realmente tratando o seu povo de forma muito justa.
Apresentador: Muito obrigado presidente Lula, até a semana que vem.
Presidente: Obrigado a você, Luciano e até a próxima semana.
Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira, até lá.”