Ao participar de um encontro com um grupo de 60 intelectuais de esquerda em São Paulo, o presidente Lula disse ontem à noite que sairá das urnas, em outubro, "mais forte do que antes". Durante 54 minutos de discurso, Lula defendeu as alianças feitas com os outros partidos, ressaltou que o PT "sempre terá um papel" em seu governo e rebateu as críticas de que estaria tentando se desvencilhar da imagem da legenda. "A imprensa me cobra: cadê o vermelho do PT? O vermelho sou eu, ora!", afirmou.
O presidente justificou as alianças do primeiro mandato e disse que pela primeira vez a população mais pobre sente-se dona do governo no Brasil. "Política a gente faz com quem a gente tem, não com quem a gente quer", declarou. "Esse é o jogo real da política e precisou ser feito por quatro anos para que nós pudéssemos chegar hoje numa situação altamente confortável do ponto de vista econômico, político e social", acrescentou.
"Todo mundo achava que nós tínhamos acabado, e de repente descobrem que a gente não só não tinha acabado, como ressurgimos mais fortes do que éramos", afirmou Lula, que tem boas chances de se reeleger já no primeiro turno.
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O presidente sinalizou para os intelectuais, alguns dos quais haviam se afastado do PT e do governo, que pretende "dar o próximo passo" em um segundo mandato, mas não explicitou para onde. Preferiu falar sobre a luta política. "O fenômeno novo na política brasileira não é o fato de o Lula estar subindo nas pesquisas, é o fato de que uma parcela significativa dos pobres se acha importante e se sentem iguais ao presidente da República", afirmou. "Eles já não falam no governo do Lula, eles falam: nós governamos este país."
Lula aproveitou o fato de a filósofa Marilena Chauí e do escritor Artur Poerner terem mencionado, antes dele, que a origem da maior parte de intenções de voto na reeleição está nas camadas mais pobres da sociedade e na região Nordeste.
"Os chamados formadores de opinião já não detêm mais a verdade absoluta. Hoje não são os setores médios que determinam o voto da empregada doméstica e do porteiro do prédio", afirmou Lula. "O pobre agora está achando que ele pode."
O presidente disse que, em 2002, aceitou um processo de "transição pacífica" do governo do PSDB por que, se tivesse "cavucado e devassado" o passado, não teria tido condições de governar o país.
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