O presidente Lula pediu ao PT para chegar a um nome de consenso com a base governista para disputar a presidência da Câmara. Em reunião com a comissão política da legenda, hoje (27), o presidente reiterou a necessidade de entendimento entre os partidos para favorecer o governo de coalizão.
Para o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), o deputado escolhido pelo partido, Arlindo Chinaglia (SP), tem total condição de unir a base. “O presidente pediu que os líderes e os presidentes dos partidos realizem esse debate. Nós precisamos pensar em um método de avaliação interna para se ter um só candidato”, disse Fontana.
Mesmo assim, o líder afirmou que a legenda pode abrir mão de Chinaglia para apoiar a reeleição de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Fontana disse, ainda, que a presidência da Casa não faz parte da reforma ministerial e que o partido deixou claro ao presidente que não aceita perder espaço no próximo mandato. “Queremos um papel estratégico igual ou maior no próximo governo, mas essa conta não é aritmética”, disse.
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A reunião com Lula contou com a presença dos membros da comissão política do PT – presidente interino Marco Aurélio Garcia, os vice-presidentes Maria do Rosário e Jilmar Tatto, o tesoureiro Paulo Ferreira, o secretário-geral-adjunto, Joaquim Soriano, e os secretários Valter Pomar (relações exteriores), Renato Simões (movimentos populares) e Glauber Piva (cultura). Além dos ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).
Reforma em janeiro
O presidente Lula tomará posse sem anunciar a reforma ministerial. O assessor especial da Presidência da República, Cézar Alvarez, disse hoje que Lula preferiu adiar a nomeação da equipe para 20 a 30 dias depois da posse do dia 1º de janeiro, uma vez que ainda não escolheu todos os ministros. "Não haverá posse de ministro. [Dia primeiro] será exclusivamente o pronunciamento do presidente", disse.
Dessa forma, Lula não manterá a tradição de ser fotografado junto aos ministros no dia da posse. Outra tradição quebrada, mas por causa da reeleição, será a passagem da faixa presidencial. Segundo Alvarez, o próprio presidente a vestirá e aparecerá no parlatório do Palácio do Planalto ostentando a faixa.
Partido quer novos rumos na economia
Os membros da comissão política do PT solicitaram ao presidente Lula a mudança dos rumos da economia. Para o presidente interino do partido, Marco Aurélio Garcia, a legenda precisa ficar mais a frente das decisões. “O futuro do governo não pode ser continuidade queremos inovações e maior aprofundamento do programa e sentimos sintonia entre o desejo do presidente e o nosso”, afirmou Garcia, hoje (27), após reunião da comissão com Lula.
Para os petistas, é necessário adotar medidas para garantir o crescimento da economia. “O equilíbrio fiscal não será abandonado. A orientação não é de ruptura e a equipe econômica está afinada com as diretrizes até porque o comando da economia está com o presidente Lula”, disse o presidente interino do PT.
Uma das principais mudanças exigidas pelo partido é a saída de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central. Mas os petistas precisarão esperar, uma vez que Lula só deverá mexer na equipe após o recesso, na segunda quinzena de janeiro.
"O presidente nos expôs que vai realizar mudanças graduais nos ministérios, que não tem pressa, que as transformações não serão em dias nem semanas", comentou Garcia.
Diretorias no BC
Funcionários do Banco Central ligados ao Partido dos Trabalhadores enviaram uma carta ao presidente Lula pedindo a nomeação de dois integrantes do partido para diretorias da instituição.
No documento de três páginas o grupo pede a diretoria de Administração para Sérgio Albuquerque de Abreu Lima e a de Fiscalização ou de Organização e Normas para Luciano Salles de Oliveira.
O argumento dos funcionários do Núcleo de Base dos Servidores do BC, como o grupo é chamado, é de que "chegou a hora de o governo atentar para a necessidade de ter pessoas de confiança do partido no alto escalão do Banco Central". Eles ressaltam que os indicados do PT "são servidores concursados, altamente qualificados e preparados para as funções".
Sérgio Albuquerque Lima é secretário do Conselho Monetário Internacional e Luciano Oliveira estava cedido ao Congresso, onde trabalhou na CPI dos Correios.
O pedido vai de encontro ao discurso do presidente do banco, Henrique Meirelles, que sempre faz questão de enfatizar a independência de sua gestão com relação aos interesses partidários.
Garcia critica inquérito da PF
O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, disse hoje (27) estar indignado com o inquérito da Polícia Federal que indiciou o senador Aloizio Mercadante no caso da tentativa de compra de dossiê contra candidatos tucanos. Em nota oficial do partido, Garcia ainda defende o tesoureiro da campanha de Mercadante ao governo paulista, José Giácomo Baccarin.
"O relatório policial é inconsistente e especulativo e tenta atribuir ao senador Mercadante e ao companheiro Baccarin o ônus de provar suas inocências, sem acusações consistentes", disse o presidente do PT.
Segundo Garcia, a Justiça barrará o indiciamento feito pelo delegado responsável, Diógenes Curado. "Eu não consigo compreender como que os delegados encontraram uma forma de incluir o Aloizio Mercadante, mas estou convencido de que ele é tão inocente como qualquer um de vocês [jornalistas] neste episódio", afirmou ele.
Para Garcia, a ação dos petistas “aloprados” – Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas e Expedito Veloso – prejudicou as candidaturas majoritárias. Nenhum deles, entretanto, foi indiciado pela PF. "A Direção Nacional e o Senador Mercadante condenaram a iniciativa de alguns militantes do partido envolvidos na compra de supostos documentos, alheia a nossas práticas e que trouxeram enorme prejuízo a nossas candidaturas no âmbito federal e nos Estados, particularmente em São Paulo", comentou.
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