Mário Coelho
O presidente Lula afirmou neste sábado, durante discurso em evento na Bolívia, que espera reciprocidade dos bolivianos no tratamento de brasileiros ilegais. Lula, que assinou um contrato de empréstimo de R$ 332 milhões para construção de estradas com o presidente Evo Morales, lembrou que em 2005 cerca de 50 mil bolivianos em condições ilegais tiveram suas situações regularizadas no Brasil.
“Estou seguro companheiro Evo, de que a regularização dos brasileiros na Bolívia, sobretudo aqueles concentrados na faixa da fronteira também serão tratados com carinho pelo governo boliviano”, afirmou Lula. O presidente comentou também que em julho sancionou lei aprovada no Congresso que oferece os direitos de cidadania a todos os estrangeiros em situação irregular.
Lula disse que o Brasil está adotando uma estratégia diferente dos “países ricos”. Com a chegada da crise financeira mundial, segundo o presidente, as nações mais desenvolvidas começaram a culpar os imigrantes pelas dificuldades econômicas e pela escassez de empregos. “Os países ricos começaram a culpar os imigrantes e começaram a criar leis para perseguir imigrantes, latino americanos, brasileiros, africanos e a resposta que o Brasil deu foi ao invés de culpar os pobres imigrantes, nós demos anistia para eles, porque a crise econômica é da responsabilidade dos ricos e não dos pobres”, afirmou.
Acordo
O acordo assinado, segundo a Agência Brasil, prevê o investimento brasileiro de US$ 332 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a construção de uma rodovia entre as cidades bolivianas de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos. A rodovia será construída por uma empresa brasileira e terá 306 quilômetros, ligando os vales de Cochabamba e a Amazônia boliviana. A contrapartida da Bolívia será de US$ 80 milhões para a construção da obra.
“O que nós estamos fazendo hoje com os acordos assinados é dando mais um passo extraordinário para a integração latino americana. Durante muitos séculos, a Bolívia tinha pouca relação com o Brasil e o Brasil pouca relação com a Bolívia. Todos nós imaginávamos que os ricos da Europa e também os ricos do norte é que iriam resolver os nossos problemas e ficávamos uns de costas para os outros”, discursou Lula.