O presidente Lula parabenizou hoje (8) a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pelo seu depoimento ontem na Comissão de Infra-estrutura do Senado. “Quero lhe parabenizar, Dilma, pela sua participação ontem no Senado. Certamente, você foi motivo de orgulho para quem, junto com você, participa do governo, e para o povo brasileiro”, destacou Lula.
O presidente aproveitou a oportunidade para destacar “o comportamento democrático” dos senadores durante a audiência. “Quero ressaltar, aqui, para fazer justiça, o comportamento democrático do Senado. As pessoas fizeram as perguntas que tinham que fazer, mas eu acho que as pessoas foram civilizadas ao perguntar e no debate. Muitas vezes, quem está assistindo não gosta. Mas o que é a democracia senão esse exercício constante, diário, de debates, de discussões? E eu quero dizer aqui, na sua frente, que eu fiquei bem impressionado com o grau democrático que o Senado teve, ontem, com você”, afirmou.
Ontem, durante a sessão, os governistas não escondiam a satisfação de ver a ministra responder às perguntas da oposição sobre o suposto dossiê com informações sigilosas do governo Fernando Henrique Cardoso. Para os oposicionistas, o dossiê anti-FHC foi elaborado pela Casa Civil.
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O ponto crucial do depoimento da ministra se deu quando ela respondeu a uma pergunta feita pelo líder do DEM no Senado, José Agripino (RN). O senador potiguar leu trecho de uma entrevista em que a ministra admitia que tinha de mentir muito durante a ditadura. Na seqüência ,o líder do DEM disse temer o retorno de um “Estado policialesco”, em que a mentira prevaleça.
Em sua resposta, Dilma ressaltou que foi torturada ao longo dos três anos em que esteve presa e que não há espaço para a verdade na ditadura. “Não havia possibilidade de diálogo civilizado. Qualquer comparação só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira. Eu tinha 19 anos, fui para cadeia durante três e fui barbaramente torturada”, declarou visivelmente emocionada.
Hoje, Agripino afirmou que a ministra “emocionalizou” uma linha de raciocínio utilizada por ele para questioná-la sobre a interferência da Casa Civil na produção do dossiê. “A ministra emocionalizou um componente da pergunta. Ela conseguiu contagiar a platéia”, disse o parlamentar de oposição.
Por sua vez, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), avalia que o depoimento da ministra esgota a discussão sobre o suposto dossiê e deve precipitar o encerramento da CPI dos Cartões Corporativos. “As dúvidas foram esclarecidas e eu creio que agora a comissão tem todos os elementos para fazer fluir os seus trabalhos para que nós tenhamos a conclusão desse fato”, declarou. (Rodolfo Torres)