Fábio Góis
O presidente Lula comentou nesta quinta-feira (20), pela primeira vez em público, a saída da senadora Marina Silva (PT-AC) do partido em direção, provavelmente, ao PV. Em entrevista a rádios do Rio Grande do Norte, Lula tentou negar o óbvio e disse que, mesmo com a saída de Marina, o PT não está em crise no Senado.
“O PT continua forte, com muitas possibilidades. Não vejo crise no partido”, disse Lula, para quem a decisão de Marina, sem comunicação prévia ao presidente da República, foi estritamente pessoal. “Da mesma forma que veio para o PT, ela pode sair do PT. Saiu porque quis sair. Espero que ela tenha sorte e que tudo que planeje dê certo.”
Além de Marina, que deve disputar a Presidência da República pelo PV em 2010, os senadores Flávio Arns (PT-PR) e Aloizio Mercadante (PT-SP), este líder do partido e do bloco de apoio ao governo na Casa, vêm demonstrando descontentamento com os rumos da legenda no Senado. A indisposição teve como estopim os votos petistas que salvaram da degola o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética (leia mais).
Ontem, depois da audiência no Conselho que manteve arquivadas todas os pedidos de investigação contra Sarney, Arns anunciou que deixará a legenda, e Mercadante disse que, em caráter “irrevogável”, entregará o cargo de líder da bancada no Senado (leia). O anúncio, feito inclusive no Twitter, contradisse o que havia sido dito pelo próprio petista.
Mercadante descarta sair da liderança do PT no Senado
Uma conversa entre Lula e Mercadante está prevista para esta noite, mas o senador disse que só aceita o encontro por respeito a Lula pelo compromisso com o governo. Mesmo assim, Lula diz que o partido não está em crise.
O presidente disse ainda que sua relação com Marina, que saiu desgastada do Ministério do Meio Ambiente, em maio de 2008, está acima da questão partidária. “Minha relação com a Marina não muda absolutamente nada. Eu continuo gostando dela, achando [que a senadora é] um quadro extraordinário”, declarou Lula, acrescentando que Arns, embora tenha “seus valores”, sempre foi “muito encrencado com o PT”.
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