Em nota publicada na sua página no Facebook, Lula diz que o tucano mentiu ao se referir sobre a possibilidade de Armínio Fraga continuar como presidente da instituição no governo petista. De acordo com o ex-presidente, não houve nenhum convite. Nos dois mandatos de Lula, o Banco Central teve apenas um comandante: Henrique Meirelles.
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“Ontem, o candidato Aécio Neves mentiu no debate da TV Bandeirantes ao falar que eu teria convidado Armínio Fraga para permanecer no Banco Central após o término do governo Fernando Henrique Cardoso. Nunca fiz esse convite. É lamentável um candidato falsificar fatos históricos em um debate para a Presidência da República”, disse Lula.
Durante o debate, Aécio disse que “Lula, quando assumiu o governo, pediu que Armínio Fraga ficasse mais um tempo no Banco Central”. A declaração, também usada no horário político, foi a forma usada pelo tucano para defender Armínio, apontado como ministro da Fazenda em um eventual governo Aécio, dos ataques do PT.
Aécio usa como base uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo de 2002. No texto, petistas ouvidos sob condição de anonimato defendiam que Armínio colaborasse no governo. O motivo para a permanência é que o então presidente do BC teria condições de “atuar em várias frentes”, podendo virar uma espécie de “embaixador econômico informal do Brasil”, além de dar credibilidade ao novo governo. Lula é citado na matéria por considerar Armínio um técnico competente, “que se preocupa mais com a economia do que com posicionamentos partidários”.
Lula acabou indicando Henrique Meirelles – na época deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás – para o cargo em 12 de dezembro. De acordo com a Folha de S. Paulo em 13 de dezembro, o ex-presidente do Bank Boston era o sexto da lista para assumir o cargo. Entre os citados estavam Fábio Barbosa, na época presidente do Banco ABN-Amro, e Murilo Portugal, representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI).
A possibilidade de Armínio assumir o Banco Central foi confirmada anos depois por Antonio Palocci, primeiro ministro da Fazenda de Lula, em seu livro “Sobre formigas e cigarras”. “Chegamos mesmo a pensar na permanência de Armínio Fraga por alguns meses. Ele esteve com o presidente Lula por duas vezes no final de 2002 e tiveram uma boa química”, diz trecho da obra. Porém, acabou prevalecendo a ideia de uma nova pessoa no comando da instituição.