O presidente Lula disse hoje (24), em visita à Daimler Chrysler de São Bernardo (Grande São Paulo) para a comemoração de 50 anos da fábrica no país, que não adianta ficar "chorando o leite derramado", numa referência à queda na previsão de crescimento da economia brasileira neste ano.
O governo reduziu hoje a projeção de expansão no Produto Interno Bruto (PIB) de 4% para 3,2% neste ano. Lula afirmou que o governo trabalha "fortemente" por uma política de desoneração tributária e, em relação à previsão, o presidente declarou está “cansado de previsão”. “Não atrapalha porque estou cansado de previsão. Vamos esperar as coisas acontecerem. Se não aconteceu aquilo que a gente previu, não podemos ficar chorando o leite derramado”, disse Lula.
O presidente confessou que na época em que era parlamentar (1986/1989) ajudou a “criar uma série de entraves". Lula também reclamou da questão dos licenciamentos ambientais. "É um problema de legislação que você precisa trabalhar".
De acordo com Lula, a Petrobras tem 34 projetos que estão parados por causa da questão de licenciamento ambiental. O presidente também disse que a lei impôs que os funcionários dos institutos ambientais respondam com seus próprios bens pelas licenças prévias, o que dificulta o andamento do processo. “A idéia é preparar tudo até 31 de dezembro para que a gente possa anunciar no novo governo a desobstrução que muitas vezes é legal. Nós precisamos mudar a legislação que impede o Brasil de crescer”.
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Laptot de baixo custo
O presidente recebeu hoje (24), na Base Aérea de Guarulhos, na Grande São Paulo, o primeiro laptop de baixo custo (US$ 150) para equipar a partir de janeiro as escolas públicas do país.
O governo federal desenvolve o projeto em parceria com a ONG americana One Chilp Per Computer (OCPC), fundada pelo diretor licenciado do Laboratório de Mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Nicholas Negroponte, que está de passagem pelo Brasil.
Negroponte afirmou que o laptop consome menos energia do que os modelos comercializados no mercado, além de ter uma tela de alta nitidez, que não perde a visibilidade mesmo quando exposta à luz do sol.
Lula foi o primeiro chefe de Estado a receber o computador desse projeto, que também é desenvolvido na Tailândia, Egito, Nigéria e Argentina. O presidente destacou a inclusão social do projeto. “O desejo é produzir laptops de cem dólares e, possivelmente, se conseguirmos esse intento, poderemos fazer o maior programa de inclusão social que esse país já conheceu”, disse.
“Destravar” o Brasil
Durante visita as obras de construção de um campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o presidente Lula confidenciou que está promovendo reuniões setoriais há dez dias para "destravar o Brasil".
Para esse segundo mandato, o presidente Lula prometeu combinar políticas mais agressivas com desenvolvimento econômico, social e distribuição de renda.
Lula disse que pretende terminar o mandato com o Brasil crescendo mais. "O brasileiro despreza o bom desempenho que o país tem em diversas áreas, da exportação de grãos a celulares, porque não recebe informações corretas”. Ele ainda declarou que "o povo brasileiro já pagou por todos os seus pecados".
“Não vamos mais ficar nos comparando com os governos que governaram o país antes de nós. Vamos comparar com nossos programas e com os compromissos que assumimos na campanha”. Segundo Lula, o segundo mandato será “mais difícil, porém, mais gostoso”.
Estar na oposição "é fácil"
Já em Guarulhos, diante do prefeito da cidade, Eloi Pietá, e do prefeito de Suzano, Marcelo de Souza Candido, ambos do PT, Lula criticou seus adversários, dizendo que estar na oposição “é fácil”. “Parece fácil quando a gente é oposição, e está tudo na ponta da língua. Quando é governo, tem de fazer as coisas e, ao tentar fazê-las, a gente se depara com uma série de obstáculos naturais em regimes democráticos”, declarou o presidente.
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