Em seu programa semanal de rádio, o presidente Lula disse hoje (25) que poucas vezes se emocionou na vida como na última quinta-feira, durante o velório dos militares brasileiros mortos no terremoto do Haiti. O presidente afirmou que a indenização de R$ 500 mil a cada uma das 18 famílias, objeto de projeto de lei enviado ao Congresso, e a concessão de uma bolsa educação de R$ 510 por dependente até 24 anos representam o “mínimo” que o governo poderia fazer pelos militares.
“Eu te confesso que poucas vezes eu fiquei emocionado como eu fiquei no velório daqueles soldados, porque eram pessoas que estavam no Haiti para prestar solidariedade, pessoas que estavam dedicando a sua vida a tentar ajudar as pessoas mais pobres, as pessoas que estavam mais deserdadas no Haiti. Por isso que eu fiquei emocionado, porque muitos daqueles jovens estavam pra voltar dentro de dois ou três dias quando aconteceu o terremoto e eles morreram”, disse Lula.
Ainda no Café com o Presidente, o petista disse que as usinas termoelétricas flex, que podem ser movidas a gás ou a etanol, vão dar mais tranqüilidade ao setor energético do país. Na semana passada, Lula inaugurou uma termoelétrica flex em Juiz de Fora (MG). “É uma novidade extraordinária que vai colocar o Brasil outra vez na ponta da produção de energia elétrica”, ressaltou.
O presidente também demonstrou entusiasmo com as pesquisas realizadas pelo Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol sobre o etanol de segunda geração, extraído do bagaço da cana-de-açúcar. “Eu estou convencido de que o Brasil está no caminho certo, que o Brasil está fazendo as coisas que todo mundo deveria fazer, os países ricos terão que seguir a trajetória do Brasil e mudar um pouco a sua matriz energética na questão de combustível, sobretudo porque todo mundo tem compromisso com o Protocolo de Kyoto, a Europa já tem o compromisso de até 2020 colocar 10% de etanol na gasolina”, afirmou.
Leia a íntegra do Café com o Presidente:
“Apresentadora: Presidente, nós estamos aqui nos estúdios EBC Serviços, em Brasília. O senhor está em São Bernardo do Campo, em São Paulo. O senhor dedicou uma parte da semana passada para eventos relacionados à ciência, tecnologia e inovação. Qual a importância dessas áreas para o desenvolvimento do país?
Presidente: Eu, particularmente, estou convencido que o momento é de investimento em educação e inovação tecnológica e isso vai fazer toda diferença para o crescimento e desenvolvimento do nosso país. Acredito que o Brasil está no caminho certo para se desenvolver e ganhar peso internacional no setor da inovação tecnológica. Sobretudo agora que nós estamos discutindo a questão do aquecimento global, o Brasil ,mais uma vez, sai na frente e apresenta ao mundo que é possível criar, sabe, uma matriz energética menos poluente que é o etanol, e que pode gerar muitos empregos e que pode ajudar países africanos, que pode ajudar países como o Haiti, pode ajudar outros países da América Latina, e por isso eu fiquei muito satisfeito e tudo isso está dentro da lógica da aprovação do PAC da Ciência e Tecnologia, que nós lançamos no finalzinho de 2007 colocando R$ 41 bilhões para investimento em ciência, tecnologia e inovação. Eu acho que é um momento muito importante para o Brasil e acho que esse investimento em ciência e tecnologia, em investimento em inovação tecnológica, é uma coisa extremamente importante para o nosso país.
Apresentadora: Presidente, alguns dos eventos que o senhor participou foram relacionados ao etanol. o Brasil está focado em investir em energias limpas, não?
Presidente: Anelise, pra mim foi muito importante ir a Juiz de Fora inaugurar a primeira termoelétrica a álcool feita pela Petrobras com a parceria com a GE (General Eletric). Era uma termoelétrica a gás que agora virou uma termoelétrica flex, ou seja, ela pode utilizar tanto álcool como pode utilizar gás, e isso é extremamente importante porque é uma novidade extraordinária que vai poder colocar o Brasil outra vez na ponta da produção de energia elétrica com a termoelétrica a gás. Nós temos outras tantas termoelétricas a gás que pode ser feita a conversão e isso vai facilitar com que a gente tenha mais flexibilidade para oferecer ao povo brasileiro a tranqüilidade no fornecimento de energia. E, também, eu fui a Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, que é um laboratório que vai pesquisar aquilo que não foi pesquisado na questão do etanol, sobretudo utilizar o bagaço da cana para que a gente faça etanol de segunda geração, ou seja, de tudo que a gente já faz hoje do açúcar, do álcool, ou seja, o que sobra do bagaço que hoje, muitas vezes, é queimado pra gente produzir energia elétrica. Nós vamos também tirar mais 40% de álcool nesse bagaço de cana o que vai ser uma coisa extraordinária para o desenvolvimento do Brasil. Eu estou convencido, eu estou convencido de que o Brasil está no caminho certo, que o Brasil está fazendo as coisas que todo mundo deveria fazer, os países ricos terão que seguir a trajetória do Brasil e mudar um pouco a sua matriz energética na questão de combustível, sobretudo porque todo mundo tem compromisso com o Protocolo de Kyoto, a Europa já tem o compromisso de até 2020 colocar 10% de etanol na gasolina. E eu acho que tudo isso vai permitir que a gente possa desenvolver, em parceria com os países ricos, essa nova matriz que o Brasil tem tecnologia, tem experiência, porque desde 75 que nós produzimos etanol para que o mundo seja menos poluído do que ele é hoje.
Apresentadora: Você está ouvindo Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula.
Presidente, mudando um pouco de assunto, numa cerimônia que emocionou o país foi feita uma homenagem aos militares mortos no Haiti. Esse momento é de reflexão e de solidariedade, não?
Presidente: Olha, Anelise, é muito difícil a gente deixar de se emocionar ao falar das pessoas que morreram no Haiti, tanto o povo do Haiti quanto o povo de outros países e sobretudo os brasileiros que morreram. O nosso representante da ONU, nossos soldados e a nossa Zilda Arns. Eu te confesso que poucas vezes eu fiquei emocionado como eu fiquei no velório daqueles soldados, porque eram pessoas que estavam no Haiti para prestar solidariedade, pessoas que estavam dedicando a sua vida a tentar ajudar as pessoas mais pobres, as pessoas que estavam mais deserdadas no Haiti. Por isso que eu fiquei emocionado, porque muitos daqueles jovens estavam pra voltar dentro de dois ou três dias quando aconteceu o terremoto e eles morreram. Você sabe que além da solidariedade, nós estamos mandando ao Congresso Nacional um projeto de lei garantindo a cada família R$ 500 mil de indenização e uma bolsa educação de R$ 510 para cada dependente até 24 anos. É o mínimo que a gente pode fazer pra ajudar a família dessas pessoas que estavam e estão desesperadas e pessoas que estavam defendendo e honrando a bandeira nacional.
Apresentadora: Obrigada, presidente Lula.”