Durante a entrevista que concede neste momento no Palácio do Planalto, o presidente Lula criticou os funcionários do Ibama que estão em greve desde ontem (14). A ser questionado sobre a paralisação, motivada pelo anúncio de uma reestruturação no órgão e a criação do Instituto Chico Mendes, que passou a ser responsável pela avaliação de licenças ambientais, Lula foi irônico: "E por que o Ibama está em greve?".
Para o presidente, o motivo é o temor de mudanças. "Temos medo de mudança. Lembro que quando Osvaldo Cruz criou remédio contra febre amarela, quase foi linchado no rio. As pessoas deviam permitir que as mudanças sejam feitas para ver se trem prejuízo ou não. Eu acho que não vai ter".
Sobre a demora na concessão do licenciamento ambiental para a construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira previstas no PAC – suposta causa da reestruturação do Ibama – Lula garante: "Não queremos fazer hidrelétrica depredando meio ambiente, só tem sentido fazer se combinarmos com proteção de meio ambiente".
Leia também
"O problema é o bagre? Em Itaipu há um canal de mais de 1000 metros de altura para os peixes fazerem a piracema. Em Santo Antonio Jirau são menos de 20 metros. Os peixes poderão fazer perfeitamente. Vamos discutir e queremos fazer projeto combinando projeto perfeito e bom com projeto ambiental perfeito em bom".
Para ilustrar sua preocupação com o meio ambiente, Lula lembrou que as hidrelétricas são a forma mais barata e menos poluente de produzir energia. "Um megawatt/hora de energia hidráulica custa US$ 40, energia a carvão custa US$ 48, óleo US$ 230, diesel US$ 310. Não há dúvida de que hidráulica pe mais barata e menos poluente".
Sobre possíveis divergências entre as ministras Marina Silva e Dilma Roussef a respeito da gestão ambiental do PAC, o presidente disse: "Temos que fazer com o maior carinho possível. Quando tem divergência, tem momento que assunto chega na minha mesa e aí digo ‘isso que vamos fazer’. Quando você é oposição, pode passar dez anos discutindo. Governo tem 10 dias para decidir e vamos decidir". (Carol Ferrare)
Deixe um comentário