Edson Sardinha
Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o presidente Lula disse que não interferirá na escolha dos ministros do próximo governo e pediu à oposição que não pratique a “política do estômago e da vingança” durante a gestão da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).
Acompanhado de sua sucessora, Lula afirmou que o próximo governo terá a “cara e a semelhança de Dilma”. O presidente declarou que, a partir de 1º de janeiro, estará “uniformizado e sem corneta”, sentado na arquibancada, apenas para aplaudir o novo governo.
“O governo da Dilma tem de ser a cara e a semelhança da Dilma. Ela, somente ela, pode dizer quem ela quer, quem ela não quer. Somente ela pode dizer aos aliados se concorda ou não com as pessoas sugeridas. Somente ela e os partidos aliados podem constituir a coalizão”, declarou o presidente. “Na minha cabeça funciona a seguinte tese: rei morto, rei posto. Um ex-presidente da República não indica, não veta. Pode dar conselho se algum dia for pedido. Se for pra ajudar. Para atrapalhar, nunca”, acrescentou.
Leia ainda:
Dilma: mínimo passará dos R$ 600 até 2012
Lula: buscar novo mandato seria “temeridade”
Segundo o presidente, com Dilma, a continuidade será de governo, não de pessoas. “A Dilma tem de montar o time dela. Ela vai ser o técnico titular dessa seleção. Ela vai chamar quem ela quiser. Não vou participar da transição. Ela monta a equipe que vai conversar com o governo. A continuidade é da política, e não das pessoas”, ressaltou.
Bem-humorado, Lula lembrou que ninguém perdeu mais eleição para presidente do que ele – foram três vezes – e que entende a decepção dos oposicionistas. Mas pediu à oposição que não se deixe levar pelo espírito de vingança e que priorize o debate nacional em detrimento das disputas partidárias. “Queria pedir à oposição que, a partir de 1º de janeiro, olhasse um pouco mais o Brasil, que torcesse e ajudasse o Brasil a dar certo, porque a cada vez que tomam uma atitude em vez de prejudicar o governo, prejudicam o país”, disse o presidente.
“Não vou usar aqui a palavra unidade nacional. Queria pedir apenas à oposição no Congresso não faça com a Dilma o que fez comigo, a política do estômago, da vingança, de trabalhar para não dar certo. Queria que a oposição tivesse outra posição. Oposição tem de continuar oposição, tem de diferenciar o interesse nacional de vida partidária”, emendou.
Deixe um comentário