Após reunião de cerca de duas horas da coordenação política no Palácio do Planalto, o governo anunciou para amanhã (7) a edição de uma medida provisória (MP) emergencial para tentar conter os efeitos da crise financeira norte-americana. Foi o que revelou o líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE), ressaltando que o presidente Lula “ratificou a afirmação de que não tem pacote [de reação à crise]”.
O deputado adiantou que, depois da orientação da equipe econômica, três “medidas concretas” principais serão embutidas na MP para amenizar os efeitos da crise dos EUA: expansão das linhas de crédito, liberação dos empréstimos compulsórios e leilões de dólar.
“O presidente editará amanhã uma pequena medida provisória para atacar questões pontuais. Em primeiro lugar, autorizar o Banco Central a garantir empréstimos das empresas brasileiras no exterior; em segundo lugar, autorizar o redesconto das carteiras de crédito das instituições financeiras do Brasil junto ao Banco Central, para aumentar o poder de barganha, o que é feito largamente em outros bancos centrais; e em terceiro lugar, promover o financiamento das companhias de leasing", resumiu Rands.
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"A medida vem recheada de uma porção de coisas. Tem uns vinte caputs [itens, numa tradução aproximada]", destacou o deputado Sandro Mabel (PR-GO), relator da comissão especial instalada na Câmara para analisar a proposta preliminar da reforma tributária. "São mecanismos para que o Banco Central possa agir em casos de necessidade, para que os bancos possam negociar carteiras [patrimônio ativo] junto ao BC. Isso tira o susto de que o banco venha a quebrar."
Queda brusca
Hoje (6), a turbulência econômica mundial levou a Bovespa à maior queda da história: -15%. Entretanto, os operadores da Bolsa lançaram mão de dois circuit breaks (interrupção providencial das atividades de venda e compra de ações) no transcorrer do pregão desta segunda-feira, o que fez com que o índice fechasse o dia em 5,43% negativos (leia).
Segundo Rands, Lula determinou que haja “monitoramento contínuo dos efeitos da crise”. Durante a reunião, informou o petista, o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reforçaram o patamar de segurança alcançado pela economia brasileira, com destaque para o aumento da produtividade e da margem de reservas.
“O Brasil é credor na questão dólar”, disse Rands, citando um exemplo “paradoxal” da crise em relação ao país e acrescentando que a equipe econômica apresentou um relatório que demonstraria "a solidez das instituições financeiras do país". O deputado revelou ainda que Lula fez críticas ao posicionamento "tendencioso" do Fundo Monetário Internacional (FMI) ante à crise.
"O presidente Lula disse que o FMI só serviu para fiscalizar os países emergentes, mas nada fez para analisar as atividades financeiras dos países ricos", concluiu Rands, informando que serão ampliadas as linhas de financiamento das redes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O total a ser destinado para esse tipo de operação financeira, segundo o deputado, chegará a R$ 35 bilhões.
Hoje, Guido Mantega disse que o mundo confronta a maior crise de capitalismo desde 1929, à época da Grande Depressão, nos EUA. Mas o problema não impressiona a todos. "Dificilmente nós vamos ter uma recessão no brasil", disse o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, acrescentando que o crescimento econômico brasileiro será mantido nos próximos meses. (Fábio Góis)
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