O ex-presidente Lula será o novo ministro da Casa Civil da presidente Dilma. A informação foi confirmada pelos líderes do PT e do governo na Câmara, Afonso Florence (BA) e José Guimarães (CE). Com isso, o petista passará a ter foro privilegiado e só poderá ser investigado ou julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, escapa do juiz Sérgio Moro, que analisa um pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente.
Cotado para assumir a Secretaria de Governo, no lugar de Ricardo Berzoini, Lula substituirá Jaques Wagner, que será chefe de gabinete de Dilma. Com a nomeação, a história se repete com papeis invertidos: Dilma foi a ministra da Casa Civil de Lula.
“Consideramos uma decisão de alta envergadura e de interesse nacional”, disse Florence. O líder do PT, porém, negou que a decisão da indicação de Lula para a Casa Civil tenha sido adiada devido à divulgação da delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que foi líder do governo no Senado.
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Os aliados de Dilma focam no currículo de Lula para justificar sua nomeação para a Casa Civil. E se dizem preparados para enfrentar as críticas à escolha. Segundo Florence, o fato de as investigações contra o ex-presidente passarem das mãos de Sérgio Moro para o STF, não foi levado em conta na escolha de Lula para a pasta. Para o petista, “o foro privilegiado nunca foi, e nem será, motivo para obstruir as investigações”.
Já o líder do governo, usou sua conta no Twitter para comentar a mudança na Casa Civil e elogiar a postura de Jacques Wagner. “Ministro Wagner no dia de seu aniversário mostra grandeza e desprendimento ao deixar a Casa Civil”, comentou. Jacques completa hoje (quarta,16) 65 anos de idade e, após a reunião no Alvorada em que decidiu que iria ser deslocado para a chefia de gabinete do governo, seguiu para o aeroporto, onde embarca para Salvador.
Missão
PublicidadePara o analista político, Gabriel Petrus, a primeira missão de Lula é “reconstruir as bases do governo com o PMDB do Senado”. O especialista lembra que o ex-presidente sempre teve um bom trânsito com os senadores e que pode retomar o cinturão de proteção que a presidente teve na Casa até a operação Lava Jato atingir o Legislativo.
Petrus considera a volta de Lula ao governo como a “última cartada” de Dilma contra o impeachment. Para ele, “o governo acaba de colocar em campo o seu melhor soldado para tentar reverter a situação desfavorável em que se encontra desde a reeleição de Dilma”.