Mário Coelho
O presidente Lula recebe periodicamente relatórios de inteligência sobre as atividades do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A informação foi repassada há pouco pelo diretor-geral interino da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado.
“A Abin monita qualquer tipo de movimentação que seja feita à margem da lei. Os relatórios são enviados se existe qualquer tipo de ameaça”, disse Trezza. Segundo o diretor-geral interino, que foi indicado por Lula para assumir definitivamente o cargo, os relatórios são encaminhados, primeiro, para o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix. Em seguida, são remetidos ao presidente.
A declaração veio em resposta a um questionamento do senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Após responder, Trezza foi questionado pelo presidente da CRE, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) sobre os incidentes na fazenda da Cutrale, no interior de São Paulo. Integrantes do movimento, que ocupavam o local, destruíram parte dos pés de laranja cultivados. O caso, inclusive, motivou parlamentares a recolherem assinaturas para a volta da CPMI do MST, enterrada em setembro.
“De modo geral sabemos como o MST atua. Mas a possibilidade desse tipo de ocorrência [a destruição do laranjal] foge à atividade de inteligência. Talvez até fuja à própria direção do movimento”, opinou o diretor interino. Ele classificou o MST como um movimento que, na sua “grande maioria”, é composto por pessoas que atuam pela negociação. “Apenas uma pequena parte parte para a violência”, comentou.
A sabatina de Trezza iniciou às 10h15. Ele ainda está sendo questionado pelos parlamentares. Na semana passada, os senadores começaram o processo com a leitura do relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Mas a sessão acabou interrompida por conta de um pedido de vista de Heráclito Fortes.
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