O presidente Lula disse que não sabe governar sem aumentar os gastos da máquina. “Se fosse possível fazer a máquina funcionar diminuindo dinheiro, seria ótimo”, disse ele, em entrevista publicada hoje (25) pelo jornal O Globo. “Não vamos melhorar a saúde pública sem contratar médicos. Não vamos melhorar a educação sem contratar professor.”
O presidente não aceitou o argumento de que os gastos do governo estão acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Se você quiser compara o PIB, vou dizer que em 1995, se gastava 5,3% do PIB com pessoal. Hoje, 4,6%”, rebateu Lula. Como era de se esperar, a base aliada elogiou as declarações e a oposição, criticou-as.
Ele disse que resiste a um terceiro mandato. “Resisto, resisto. Eu tinha feito promessa de não discutir o assunto. Fiz uma profissão de fé de dizer que não toco mais nesse assunto. Ninguém me ouviu falar em terceiro mandato. Todo mundo sabe que eu era contra a reeleição. Só não mando um projeto acabando com a reeleição por fui reeleito.”
Lula disse que só em 2009 vai pensar em sua sucessão. “Por enquanto, só quem tem nomes é o PSDB.” Ele considera importante que a base tenha um candidato único, embora reconheça ser “legítimo” cada partido ter um nome. Na opinião do presidente, o candidato único da base pode ser de qualquer legenda. “Pode ser de outro partido. Não tem que ser do PT. […] O PCdoB pode querer, o PMDB pode querer. […] Vou tentar convencer a base de que o prudente é que a gente tenha candidatura única.”
“Sombra”
O presidente disse que nunca perguntou à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, se ela é pré-candidata. Mas ele revelou que alguns ministros têm mais acesso a seu gabinete, os do próprio Palácio e o Guido Mantega (Fazenda). “A ministra Dilma Roussef, não só porque está aqui do lado. É que ela é a minha sombra na administração.”