O presidente Lula afirmou que o sistema de desconto em folha de pagamentos pode ser usado para que sejam quitadas as prestações da casa própria. Na estreia de sua coluna semanal, O presidente responde, ele afirmou também que o governo federal não vai investir mais do que deve na Copa de 2014 e rejeitou a acusação de que existiu “sangria do dinheiro público” nos Jogos Pan-americanos de 2007.
A coluna é enviada a 94 jornais do país que se cadastraram no Palácio do Planalto. Os leitores enviam as questões aos jornais, que as repassam à Presidência. Os assessores de Lula selecionam três perguntas, preparam as respostas do presidente e as enviam de volta aos jornais. A primeira edição foi publicada hoje (7).
De acordo com Lula, o desconto em folha para os aposentados se mostra um sistema seguro para quem paga e para quem recebe. “É uma segurança para os bancos e uma comodidade para os pensionistas”, afirmou ele, ao responder à questão feita por Leila Dalgolbo, 41 anos, aposentada de Cariacica (ES). “O desconto […] pode vir a ser realizado pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Em relação aos trabalhadores da ativa, os descontos poderão vir a ser feitos na folha de pagamentos.”
Lula ainda prometeu que a internet será analisada como uma nova forma de cadastrar-se no programa habitacional. “Sua pergunta é, na verdade, uma ótima sugestão. As áreas específicas do governo serão acionadas para o estudo e a possível adoção dessa alternativa”, garantiu.
Culpa de FHC
O presidente negou a afirmação da professora universitária de Natal (RN) Natália Miranda Vieira, 36 anos, que disse ter existido “sangria de dinheiro” público nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em 2007. Ela queria saber o que o governo faria para isso não se repetir na Copa de 2014.
Lula afirmou que os gastos com o Pan foram elevados porque o governo anterior – de Fernando Henrique (PSDB) – não previu todas as necessidades do evento. “O governo federal teve que arcar com compromissos do estado e do município, o que não acontecerá com a Copa de 2014”, prometeu ele, ao se referir a um período em que não estará mais na Presidência da República.
O presidente disse que haverá “planejamento detalhado das obras” e divisão das tarefas entre estados e municípios. O Ministério dos Esportes irá monitorar o processo, segundo Lula.
Leia a íntegra da primeira coluna O presidente responde
Natália Miranda Vieira, 36 anos, professora universitária de Natal (RN) – Como o governo federal vai garantir que não haja uma sangria de dinheiro público nas obras que serão realizadas para a Copa de 2014, a exemplo da que ocorreu nas obras para os Jogos Pan-americanos de 2007?
Presidente Lula – Não houve sangria do dinheiro público. Os investimentos no Pan superaram o previsto porque o planejamento inicial, que não foi da responsabilidade do nosso governo, não previu itens necessários para a execução do evento, como por exemplo, segurança pública e a capacidade de 45 mil lugares do estádio João Havelange, projetado para apenas 10 mil pessoas. O governo federal teve que arcar com compromissos do estado e do município, o que não acontecerá com a Copa de 2014. Vamos fazer um planejamento detalhado das obras e depois reunir representantes dos estados e dos municípios sedes para definir responsabilidades, dando transparência ao processo. O Ministério do Esporte vai monitorar as obras para que tudo esteja pronto antes de 2014.
Leila Dalgolbo, 41 anos, pensionista de Cariacica (ES) – Em relação ao programa Minha Casa, Minha Vida, gostaria de saber por que não é feito o desconto das prestações em folha do INSS e se legaliza de vez a tão sonhada casa própria dos menos favorecidos? E por que as pessoas não podem se cadastrar pelo computador em vez de ficarem mofando em imensas filas?
Presidente Lula – O desconto na folha de pagamentos do INSS já é amplamente adotado pelo sistema bancário brasileiro e pode vir a ser realizado pelo programa Minha Casa, Minha Vida. É uma segurança para os bancos e uma comodidade para os pensionistas. Em relação aos trabalhadores da ativa, os descontos poderão vir a ser feitos na folha de pagamentos. Quanto à possibilidade de cadastramento pela internet, sua pergunta é, na verdade, uma ótima sugestão. As áreas específicas do governo serão acionadas para o estudo e a possível adoção dessa alternativa. O cadastramento também pode ser feito pelo 0800-726-0101 da Caixa Econômica. O mais importante é que o programa atende a boa parte da demanda por moradia e cria um grande número de empregos na construção civil e nas empresas que produzem telhas, tinta, canos, pias, tijolos, vasos, tomadas, torneiras, chuveiros etc., tudo contado aos milhões.
Anna Maria Marcus, 60 anos, dona de casa de Diadema (SP) – Diariamente a gente vê na televisão o caos na saúde nos principais estados brasileiros e o mau atendimento nos hospitais públicos. Porque é tão difícil oferecer assistência médica de qualidade pelo SUS?
Presidente Lula – Sabemos que há problemas no SUS, como filas e dificuldades para se marcar um exame ou consulta, o que é um transtorno para as pessoas mais fragilizadas. Conhecemos essas deficiências e estamos permanentemente tentando eliminá-las. A questão é que temos o maior sistema de saúde pública do mundo. Imagine que 70% dos brasileiros dependem exclusivamente dele. E o restante é beneficiado em campanhas de vacinação, atendimentos de urgência, transplantes e aquisição de medicamentos de alto custo. O financiamento desse sistema é um desafio gigantesco. E as demandas aumentam sem parar e variam de natureza, devido ao crescimento da população e da porcentagem de idosos. De 2002 para 2008, a verba que o governo repassa a estados e municípios triplicou, passando de R$ 12 bilhões para R$ 37 bilhões. É bom lembrar ainda que, com a derrubada da CPMF, perdemos volume expressivo de recursos, que esperamos recompor com a regulamentação, pelo Congresso, da Emenda Constitucional 29.
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