Em entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o presidente Lula falou pela primeira vez em público sobre o envolvimento da Gamecorp, empresa de seu filho Fábio Luís Lula da Silva, com o Grupo Telemar. Demonstrando certo nervosismo, o candidato petista afirmou que o Congresso já investigou a negociação e não encontrou nada de irregular.
Segundo Lula, ninguém está acima da lei e todo mundo tem de ser investigado quando surgem denúncias. A Gamecorp recebeu quase R$ 5 milhões em patrocínio da maior operadora de telefonia fixa do país, a Telemar, que tem como um dos principais financiadores o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um banco público. A empresa produz jogos eletrônicos e programas de televisão. (Tarciso Nascimento)
Leia os principais trechos da entrevista:
Dossiê I
"Chamei o presidente do partido e perguntei: ‘eu quero saber quem fez essa burrice?’ Porque foi de uma sandice inominável. Ele me disse que não sabia. Eu falei: ‘Ricardo, você que é o presidente do partido tem obrigação de apresentar para a sociedade brasileira a resposta, Ricardo’. Na quarta-feira, eu o afastei da coordenação da campanha".
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Dossiê II
“A ordem dada à Polícia Federal é que não deixe pedra sobre pedra. Pode demorar um dia, um mês, um ano, mas que nós vamos descobrir nós vamos”.
Corrupção
“Olha, imaginamos que chegar à Presidência da República e montar um ministério é quase como se você estivesse convocando uma seleção. Daí você convoca o jogador e o jogador não fez o que tinha que ser feito, ele é afastado. É esse o procedimento”.
Mensalão
"Em nenhuma reunião da qual participei se falou em pagar deputados. Essas são sandices que acontecem na política e tem que acabar"
Postura de Alckmin no debate
"No programa, ele estava ensandecido. Confesso que fiquei chateado. Ele não passou nenhuma mensagem, apenas agressões. Preferia que o debate tivesse ficado no nível programático" e completou: "Talvez, tenha sido orientado para aquilo, estranhei o comportamento", afirmou.
José Dirceu e Antonio Palocci
“O que eu posso dizer é que eles viraram alvo de críticas, de especulações, de denúncias e que eu não poderia mantê-los no governo.”
Amizade
“Não existe amigo nessas coisas, existe comportamento. Todos nós nascemos e sabemos que temos que fazer as coisas boas. Na hora que você faz as coisas ruins, você paga por elas”.
Privatizações
“Nós não falamos nada mais do que a imprensa brasileira constatou durante todo o mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, o mandato do governador Alckmin, que privatizaram quase tudo que tinha no estado de São Paulo e no Brasil”.
“É preciso reconhecer que o sistema de telefonia melhorou no Brasil”.
Corte de gastos e ajuste fiscal
"Duvido que haja margem de manobra para cortar. Isso é asfixiar o país. Nós que aumentamos o superávit graças ao aumento da arrecadação com aumento da carga tributária".
Desenvolvimento
“A palavra de ordem neste país para o próximo ano, quem quer que seja que governe, não pode ser outra a não ser desenvolvimento, crescimento econômico e distribuição de renda”.
"Não tem mágica não tem milagre, precisamos fazer a economia crescer e diminuir a taxa de juros. Fazer parcerias público e privado, além de atrair capital estrangeiro e nacional para crescimento”.
Reforma política
"Quero chamar todos os partidos políticos e, se possível, entrarmos em um acordo para termos uma reforma política no país, também sou simpático ao voto distrital misto".
Lei de licitações
“Abre-se a licitação, a empresa que não levou, entra com processo e embarga a obra. Você anuncia no lugar que terá a obra, mas não sai do lugar, fica um ano e meio parada. Precisamos mudar essa estrutura, tornando-a mais transparente, mais ágil."
Avaliação do governo
"Estou tranqüilo. Acho que cumpri com minha função e posso fazer mais, agora sei o caminho das pedras. Faz tempo que um governo não chega ao final do mandato com a aceitação que tenho. O povo não vê a manchete no jornal, vê o resultado no bolso. Está comendo mais e vivendo melhor".