O presidente Lula discutirá com partidos aliados a idéia de divulgar uma nova “Carta ao Povo Brasileiro”, a exemplo do que fez em 22 de junho de 2002, informa o jornalista Josias de Souza em seu blog (josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br). O documento marcaria o lançamento da candidatura do petista à reeleição. Traria um apanhado das “realizações” do governo e esboçaria uma plataforma desenvolvimentista para o próximo mandato.
Segundo Josias, Lula vai esmiuçar a proposta nos próximos dias, em reunião com representantes do PSB e do PCdoB. Os presidentes dos dois partidos defendem a redação de uma nova carta de princípios.
Em sua versão de 2002, a “Carta ao Povo Brasileiro” foi considerada como um marco da campanha de Lula. No texto, o então candidato venceu o medo da classe média e do empresariado ao comprometer-se com uma “transição negociada”.
“Será necessária uma lúcida e criteriosa transição entre o que temos hoje e aquilo que a sociedade reivindica”, anotou o documento assinado por Lula. “Aquilo que se desfez ou que se deixou de fazer em oito anos não será compensado em oito dias. O novo modelo não poderá ser produto de decisões unilaterais do governo (…), nem será implementado por decreto, de modo voluntarista. Será fruto de uma ampla negociação nacional (…).”
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No trecho mais festejado da carta, lembra Josias, Lula assumiu o seguinte compromisso: “Premissa dessa transição será naturalmente o respeito aos contratos e obrigações do país.” Na avaliação dos aliados, vencida a fase de desconfiança que marcou a campanha passada e o início da atual gestão, Lula deve valer-se da segunda versão da carta para lançar uma plataforma desenvolvimentista.
No novo texto, Lula pretende dizer que o seu governo venceu a desconfiança ao manter a estabilidade da economia. Conteve uma inflação que, no final de 2002, ameaçava desandar. Honrou, como prometido, os contratos, com realce para a liquidação antecipada da dívida de US$ 15 bilhões com o FMI. Escreveria, de resto, que o país está pronto para crescer.
Lula anotaria ainda no documento que, embora o processo de crescimento da economia vá ser deflagrado já em 2006, precisa de um segundo mandato para consolidá-lo. Estabeleceria comparações entre a sua gestão e a de Fernando Henrique Cardoso. Há entre os aliados a convicção de que os números são francamente favoráveis ao atual governo.