Durante a coletiva que está acontecendo neste momento, Lula foi questionado sobre como as atitudes nacionalistas dos países vizinhos como Bolívia, Venezuela e Argentina podem ameaçar o Brasil. A décima primeira pergunta foi feita por um correspondente da Agence France Press (AFP).
Em resposta, Lula lembrou que essas atitudes "também fazem parte do processo democrático". E continuou: "Historicamente esses países sempre viram o Brasil como um país imperialista. Era o que tinha maior poder econômico e a maior amplitude territorial. E tudo que acontecia de ruim era culpa do Brasil. Desde que assumimos, pensamos em fazer um projeto de país em que haja uma parceria. Então nós temos que levar em conta algo que supera as nossas divergências do século XIX para construirmos a convergência do século XXI".
Falando especificamente da questão da nacionalização do petróleo boliviano, o presidente ressaltou que essa era uma necessidade histórica da Bolívia e que antecedia a posse do presidente Evo Morales. "Só queria que fosse respeitado o contrato fechado com Petrobras. E isto está acontecendo", disse acrescentando que este não é um problema particular com o Brasil. "O problema do gás não atinge só o Brasil, mas também a Argentina, o Chile, o Peru", completou.
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Para destacar que a questão da Bolívia não é fonte dos problemas brasileiros, Lula afirmou: "Eu não posso impedir que as pessoas encontrem culpados para seus problemas. Antigamente em meus discursos eu culpava o imperialismo americano pela minha pobreza, pelos problemas da educação, pela falta de emprego. Depois eu descobri que a culpa não era do imperialismo americano, mas do imperialismo da nossa elite brasileira", argumentou.
O presidente também destacou a importância de adotar os biocombustíveis, não apenas para reduzir os problemas ambientais, mas também para ajudar os países mais pobres a se desenvolverem. "Eu quando penso no biodiesel e no etanol eu fico olhando o Nordeste brasileiro, o Vale do Jequitinhanha, mas a minha cabeça fica voltada para o continente africano, porque essa é a chance deles se desenvolverem. E quando os países desenvolvidos começarem a adicionar 10% de biocombustíveis ao diesel e à gasolina, eles têm terra e mão de obra para cultivar as oleagenosas", defendeu.
Lula também lembrou que está indo para a reunião do G8, na qual serão discutidas sugestões para se reduzir o aquecimento global e ressaltou: "A Amazônia é nossa, e não vamos abrir mão de nossa soberania". (Soraia Costa)
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