O presidente Lula disse, hoje (3), que existe abuso nas greves do setor público e que um governo como o atual, composto por ex-sindicalistas, tem autoridade para limitar as paralisações. De acordo com o portal G1, Lula fez críticas aos excessos cometidos por líderes sindicais durante rápida entrevista na capital da Guiana, Georgetown, onde acontece um encontro entre os presidentes do Caribe e América do Sul.
"Há abuso de greve não apenas no setor público, mas em outras categorias. Na verdade, o que queremos garantir na organização do trabalho do Brasil é maior responsabilidade, maior liberdade e, portanto, mais atos conseqüentes de todos nós", disse o presidente.
O governo pretende enviar ao Legislativo um projeto a fim de por em práticas as regras estabelecidas para greves estipuladas na Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo Lula, as medidas vão assegurar a livre contratação com maiores liberdades de negociação entre o patrão e o empregado.
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"Quando se fala em regulamentação, pode ou não limitar greve, depende dos acordos que fizer. Com a liberdade para negociar, vai ter que aumentar as responsabilidades do governo e dos sindicatos. Tudo fica mais fácil quando as pessoas têm responsabilidade", afirmou Lula.
O assunto veio à tona após reunião do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com o presidente Lula ontem (2) pela manhã. O ministro deixou o Palácio do Planalto dizendo que aceitava discutir o reajuste salaria dos servidores públicos, mas que era preciso reavaliar o direito de greve da classe.
Críticas das centrais
As duas maiores centrais sindicais do Brasil criticaram, em nota, o anúncio do ministro do Planejamento de que o governo pretende rever o direito de greve de alguns setores do serviço público. De acordo com matéria da Folha de São Paulo, o presidente da CUT, Artur Henrique, afirmou que há necessidade de regulamentar o tema, mas "falar em proibir greve em determinados setores é absurdo".
“A Força Sindical, em nota assinada pelo secretário-geral da entidade João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse ‘repudiar’ a posição de Bernardo. ‘Entendemos que a regulamentação nos serviços essenciais é positiva, mas defendemos o direito democrático de expressão’, completa o texto.”
Ao ser questionado sobre a reação das centrais sindicais, o presidente Lula disse que houve um mal entendido. "Talvez a CUT esteja chateada com a manchete do jornal. Mas pergunte se ela é contra a convenção", comentou o petista.
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Brasil defende participação de Cuba na cúpula
Os presidentes e chefes de estado do Caribe e da América Latina estão reunidos em Georgetown (capital da Guiana) para debater sobre temas como energia, infra-estrutura e social. Durante a reunião, os presidentes Lula, Michelle Bachelet (Chile), Felipe Calderón (méxico) e o chanceler da Argentina Jorge Taiana discutiram, também, sobre a possibilidade da entrada de Cuba na cúpula do Grupo do Rio, segundo informou o portal G1.
"Não há razão para isolar Cuba, mantendo o caráter de defesa da democracia", comentou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. O encontro acontece na semana que antecede a visita do presidente dos Estados Unidos, Geoge W. Bush, em alguns países do continente como o Brasil e o Uruguai.
Dos 20 países-membros da cúpula, apenas sete presidentes foram ao encontro. A ausência mai comentadas pela imprensa foi a de Hugo Chávez (Venezuela), que cancelou sua participação na última hora, mas promete comparecer a uma marcha, na Argentina, de repúdio a visita de Bush ao Uruguai.
Por sua vez, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, afirmou que receberá o norte-americano para estabelecer somente o intercâmbio comercial. "Se existem diferenças entre os governos dos Estados Unidos e do Uruguai? Claro. Esse é um governo popular, democrático, antioligárquico e antiimperialista", disse Vázquez.
Lula participa de reunião na Guiana
O presidente Lula participa hoje em Georgetown (Guiana) da reunião do Grupo Rio. Além do Brasil, foram convidados outros 18 países, mas segundo matéria da Folha de São Paulo, apenas oito devem mandar seus presidentes. O encontro será no final e deverá ter a duração de apenas duas horas com o debate sobre a falta de investimentos no Haiti e a cobrança pela reforma das Nações Unidas.
“Lula foi alertado pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) que sua presença em Georgetown é quase uma obrigação para quem busca ser o líder da região e não terá desta vez ao seu lado colegas como Néstor Kirchner (Argentina), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Evo Morales (Bolívia). E Lula sabe que o presidente guianense, Bharrat Jagdeo, usará essa oportunidade para cobrar investimentos do Brasil.”, disse o repórter Eduardo Scolese na matéria.
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