O presidente Lula disse na última sexta-feira (14) à agência Reuters que só participará de debates eleitorais com outros candidatos no segundo turno – "se houver um segundo turno e se eu estiver no segundo turno".
Em entrevista aos jornalistas Mario Andrada e Silva, David Schlesinger e Julio Villaverde, ele afirmou: "É preciso saber quais são os critérios. Meu antecessor (Fernando Henrique) não participou de debates na campanha de reeleição. Porque na verdade você tem quatro ou cinco candidatos e todos virão para cima do presidente. Num segundo turno aí sim, você faz debate tête-à-tête com o adversário e você pode discutir programas e idéias".
Política econômica não muda
Segundo Lula, a política econômica não mudará caso ele seja reeleito: "Não há por que mudar, há o que aperfeiçoar. Nós queremos reduzir mais os juros, nós queremos crescer um pouco mais, nós queremos gerar mais empregos. Queremos melhorar a infra-estrutura do país, melhorar a distribuição de renda e muito investimento na educação", declarou.
O presidente prosseguiu: "O pessoal tem a mania de achar que nós temos aqui no Brasil uma política de ministros. Nós temos uma política de governo. A política econômica não era do ministro Palocci e não é do ministro Mantega, ela pertence ao governo. Qualquer ministro que vier seja no Ministério do Trabalho ou no Ministério da Fazenda, ele vai continuar cumprindo as determinações da política do governo".
O Congresso e as reformas
Na entrevista, ele apontou a reforma política como prioridade número um das mudanças constitucionais que pretende fazer em um eventual segundo mandato: "A reforma política é imprescindível. O Brasil não pode continuar com a organização partidária tal como ela está".
No seu entender, as reformas e todos os temas de maior importância ficarão para o futuro Congresso. Referindo-se aos deputados e senadores da atual legislatura, previu: "Esse Congresso acho que já não vota mais nada".
"Nunca fui esquerdista"
"Eu nunca fui esquerdista", também afirmou Lula. "Quando alguns companheiros meus americanos, europeus, me chamavam de esquerdista, aqui no Brasil eu era chamado de agente da CIA pelo Partido Comunista Brasileiro e de a muleta da ditadura pelos trotskistas. (…) Eu penso que muito mais do que esquerda ou direita, você tem que ser civilizado para fazer política".
Política internacional
Lula disse ainda que não tem dificuldades para manter boas relações, ao mesmo tempo, com o presidente norte-americano George Bush e com o venezuelano Hugo Chávez: "Aí são interesses nacionais que estão em jogo, e você não discute se você pensa politicamente igual ou diferente".
O presidente está de viagem marcada par a São Petesburgo (Rússia), onde participará da reunião do G8, grupo que reúne Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Rússia. Ele pretende aproveitar a oportunidade para cobrar maior empenho dos países mais ricos em relação às negociações da Rodada Doha, lançada em 2001 para liberalizar o comércio internacional mas que pouco avançou em razão da resistência da União Européia e dos EUA em reduzir os subsídios agrícolas.
"Eu penso que chegamos ao momento de tomarmos uma decisão política, ou seja, já não é mais um problema dos negociadores, é uma decisão política dos líderes, se queremos ou não fazer um acordo. Eu estou viajando agora para o G8 com boas expectativas, eu acho que há sensibilidade para que a gente consiga avançar um pouco. Se não concluirmos um acordo poderemos estar jogando fora os próximos 30 anos no que diz respeito ao comércio exterior. Se quisermos combater o terrorismo, se nós quisermos combater a imigração (ilegal), nós temos que dar oportunidade para as pessoas sobreviverem. Não estamos discutindo um problema econômico, nós estamos discutindo um problema político".
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