Thomaz Pires
O presidente Lula não conteve as lágrimas na coletiva de imprensa logo após a confirmação do Rio de Janeiro como cidade-sede para a Olimpíada de 2016. Durante o primeiro pronunciamento oficial para os jornalistas, em Copenhague, na Dinamarca, o presidente disse que se esforçou para não chorar na hora do anuncio final. Mas explicou que foi difícil segurar a emoção na hora de falar sobre a decisão diante da imprensa.
“Eu chorei agora porque não tive coragem de chorar na hora do anúncio. Estava no papel de chefe de Estado no momento da votação, além de nervoso. Mas agora falo como cidadão brasileiro. E passo a ter mais orgulho em ser brasileiro. Essa é uma vitória de todos nós. Dos 190 milhões de pessoas que torceram pelo Rio”, disse.
A delegação brasileira enviada para Copenhague contou com a presença do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, do prefeito da cidade, Eduardo Paes, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Os membros tiveram de conter o presidente no momento em que ele fazia o primeiro pronunciamento para a imprensa.
Lula disse em seu primeiro discurso sobre a vitória do Rio que o empenho do país para sediar as olimpíadas foi notavelmente percebido pela comissão julgadora, o que incidiu diretamente no resultado final: 66 a favor do Rio contra 32 para Madri, a cidade finalista que disputava a vaga.
“Entre as dez maiores economias do mundo, somos os únicos que não sediaram a Olimpíada. Para os outros, seria apenas mais uma Olimpíada, mas para nós será uma oportunidade sem igual. Fizemos um empenho de coração. Foram dois anos de trabalho. E Vamos começar a trabalhar já amanhã”, disse.
Lula também disse que em alguns momentos a delegação teve um pequeno receio com a chegada do presidente Barack Obama. Questionado sobre o assunto, ele comentou de forma humorada. “Quando o avião dele pousou na cidade, alguns sentiram-se intimidados. Mas eu estava confiante. E acho que a decisão foi muito justa”, explicou.
O Rio já havia se lançado como candidato para sediar os jogos olímpicos. Nas últimas duas tentativas, o projeto não passou das etapas preliminares do processo seletivo. A cidade havia feito a empreitada para 2004. Depois para 2012, mas sofreu críticas do Comitê Olímpico Internacional (COI) pelo planejamento financeiro.
A terceira tentativa teve uma preparação que resultou em um projeto aprofundado e rico em detalhamento. O projeto apresentado foi o mais caro entre os quatro finalistas. Ele prevê o gasto de US$ 14,42 bilhões na organização da Olimpíada. Chicago projetava orçamento de US$ 4,82 bilhões; Madri, de US$ 6,13 bilhões; e Tóquio, de US$ 6,8 bilhões.Das quatro cidades finalistas, o Rio foi a que recebeu a pior nota na primeira avaliação.