Edson Sardinha
Em seu programa semanal de rádio, o presidente Lula reiterou hoje (7) a necessidade de os países chegarem a um acordo na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 15), que começa nesta segunda-feira na Dinamarca. Segundo Lula, as nações desenvolvidas precisam seguir o Brasil e apresentar metas de redução dos gases que provocam o chamado efeito estufa.
A proposta brasileira tem como compromisso reduzir, de forma voluntária, entre 36,1% e 38,9% a emissão desses gases até 2020. “É uma proposta extremamente ousada. E, por conta dessa proposta, os países começaram a apresentar números. O Obama, presidente Obama, apresentou número. Os chineses apresentaram número”, disse o presidente.
“E nós achamos que, até chegar Copenhague, os países vão se colocar de acordo, porque é preciso ter um número para diminuir as emissões, é preciso que tenha financiamento para o sequestro de carbono, e, sobretudo, é preciso ter financiamento para que a gente ajude os países pobres a terem um desenvolvimento sustentável, mas sólido. Temos que tomar uma decisão agora e começar a trabalhar para diminuir o aquecimento global”, acrescentou.
Ainda no Café com o Presidente, Lula destacou perspectivas de crescimento de investimentos da Alemanha no Brasil e as discussões que teve na Ucrânia e também em Portugal, durante encontro da Cúpula Ibero-Americana.
Leia a íntegra do Café com o Presidente e ouça aqui o programa:
“Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa, agora, o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá, presidente, como vai? Tudo bem?
Presidente: Tudo bem, Luciano.
Apresentador: Presidente, o senhor esteve na semana passada no exterior, na Ucrânia e na Alemanha. Vamos começar pela Ucrânia. Como é que anda a parceria do Brasil com aquele país?
Presidente: Olha, primeiro, vamos falar um pouco da Cúpula Ibero-Americana, porque nós tivemos uma boa discussão sobre a necessidade de firmamos, logo, um acordo entre a União Europeia e Mercosul. Porque nós já temos uma base muito sólida, que é o acordo da Rodada de Doha, que não foi concluído, mas que a base entre União Europeia e o Brasil estava mais ou menos certa. Então, nós entendemos que é possível concluir esse acordo, que é muito importante para o Mercosul e muito importante para a União Européia. Bem, na Ucrânia, na verdade, nós fomos fazer uma visita com empresários brasileiros e empresários da Ucrânia. Nós estivemos com o presidente, com o primeiro-ministro, na perspectiva de aumentar a relação Brasil-Ucrânia e, ao mesmo tempo, incrementar o nosso comércio. Ou seja, nós tivemos uma balança comercial de aproximadamente US$ 1,2 bilhão, o fluxo entre os dois países, e nós achamos que é pouco pelo tamanho da Ucrânia, pelo tamanho do Brasil. Então, na verdade, nós fomos fazer descobertas de oportunidades, ou seja, acho que foi uma reunião que levantou muitas perspectivas para os empresários brasileiros e para os empresários da Ucrânia. E ainda mais que nós fomos discutir, também, o programa espacial brasileiro, na medida em que nós temos uma binacional chamada Cyclone Space que vai lançar o Cyclone 4 no Brasil, no ano que vem, na base de Alcântara.
Apresentador: Presidente, a Alemanha é uma antiga parceira do Brasil. Que novidades o senhor traz de sua viagem àquele país?
Presidente: Olha, primeiro, a novidade de que uma empresa da importância da Volkswagen resolveu investir R$ 6 bilhões, o equivalente a US$ 3,8 bilhões, e o Brasil é o país que mais está recebendo investimento da Volkswagen. E São Paulo, através de São Bernardo do Campo e Taubaté, irá receber grande parte desse investimento. Isso é uma coisa muito importante porque significa a aposta e a credibilidade no mercado brasileiro e na economia brasileira. E a segunda coisa importante que eu vi na Alemanha, foi o interesse dos empresários alemães com o Brasil. Ou seja, eles estão muito otimistas com a estabilidade na economia brasileira; estão muito otimistas com a perspectiva de futuro da economia brasileira; estão pensando em disputar a licitação do trem de alta velocidade de São Paulo-Campinas-Rio de Janeiro; estão pensando no pré-sal; estão pensando na construção de plataformas e estão pensando no setor siderúrgico. Portanto, há uma perspectiva enorme de a Alemanha voltar a fazer grandes investimentos no Brasil. Portanto, eu achei que a reunião foi a mais proveitosa reunião que eu já participei na Alemanha. Nós tivemos uma reunião com mais de 500 empresários, uma grande parte deles alemães, e, sobretudo, as principais empresas alemãs, sabe, com interesse em descobrir coisas para investir no Brasil. E como não poderia deixar de ser, nós abrimos uma discussão sobre a questão do etanol e a questão do biodiesel. Primeiro, porque a Alemanha e a União Europeia decidiram, até 2020, fazer com que todos os carros utilizem 10% de etanol na gasolina. E vai precisar produzir etanol. E vai precisar comprar etanol. Segundo, porque a Alemanha, embora produza biodiesel, ela não pode continuar produzindo biodiesel de alimento, ou seja, é melhor que a gente procure uma outra oleaginosa que não seja alimento, e o Brasil é o país que oferece grandes oportunidades. E nós já discutimos com a Alemanha, pela terceira vez, a necessidade de fazermos parceria para produzir parte desse combustível novo, que o mundo vai precisar, com uma parceria entre Brasil e África e os países europeus, Estados Unidos, Japão. Ou seja, todos os países que terão que mudar a sua matriz energética, terão, obviamente, que pensar em um novo combustível. E esse novo combustível tem endereço certo: é etanol e biodiesel.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Presidente, a questão climática esteve presente nas conversas com os líderes desses dois países?
Presidente: Esteve presente, tanto no encontro Ibero-Americano, como esteve presente na Ucrânia, como esteve presente na Alemanha. Obviamente que esse é o tema do momento. O Brasil está em uma situação muito boa, porque o Brasil, de forma voluntária, fez uma proposta de diminuir as emissões de gases de efeito estufa entre 36.1% e 38.9% até 2020. Essa é uma coisa extremamente importante, é uma proposta extremamente ousada. E, por conta dessa proposta, os países começaram a apresentar números. O Obama, presidente Obama, apresentou número. Os chineses apresentaram número. E nós achamos que, até chegar Copenhague, os países vão se colocar de acordo, porque é preciso ter um número para diminuir as emissões, é preciso que tenha financiamento para o sequestro de carbono, e, sobretudo, é preciso ter financiamento para que a gente ajude os países pobres a terem um desenvolvimento sustentável, mas sólido. Temos que tomar uma decisão agora e começar a trabalhar para diminuir o aquecimento global.
Apresentador: Muito obrigado, presidente Lula, e até a semana que vem.”
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