Ao encerrar sua fala, ele afirmou que provará sua inocência: “Eu vou de cabeça erguida e vou sair de coração estufado de lá, porque eu vou provar a minha inocência”.
Ainda não foi divulgado como e quando o ex-presidente se entregará, mas a expectativa é que ele se apresente à Polícia Federal em São Paulo, ainda neste sábado (7), para fazer exame de corpo de delito. Posteriormente, deve seguir para o aeroporto de Congonhas, onde pegará um avião para Curitiba.
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Em Curitiba, Lula ficará em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal. O local está isolado para vistantes externos e a movimentação nas imediações é só de profissionais da imprensa.
Cercado de correligionários, parlamentares de outros partidos, movimentos sociais, sindicalistas da militância petista e artistas, Lula usou um discurso duro contra os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e também aos juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Curitiba. “Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser candidato a deputado. Escolha um partido político e vá ser candidato. A toga é o emprego vitalício. O cidadão tem que votar apenas com base nos autos do processo”, disparou.
Em seu discurso, sem citar o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, Lula disse não aceitar ser condenado por um power point sem provas. “Eu não estou acima da Justiça, se eu não acreditasse da Justiça, eu não teria feito um partido político, teria proposto revolução, acredito na Justiça, mas na a Justiça justa, baseada nas acusações, na prova concreta. Eu não posso admitir um procurador que fez um power point dizendo que o PT é uma organização criminosa criada para roubar o país e que o Lula é o chefe‘ eu não preciso de provas, eu tenho convicção’, disse ele. Eu quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas e aceclas dele. Não pra mim.”
PublicidadeEnquanto a celebração religiosa em homenagem a ex-primeira-dama Marisa Letícia ocorria em São Bernardo (SP), ainda na manhã deste sábado, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido de habeas corpus da defesa de Lula para evitar sua prisão. Na Corte, essa foi sua terceira derrota em pedidos semelhantes.
O petista não se apresentou para o início da pena no horário (às 17h de sexta-feira, 6) imposto pelo juiz federal Sérgio Moro, que o condenou a nove anos e seis meses e viu sua pena aumentada pelo TRF-4. Responsável pelo julgamento em primeira instância, Sérgio Moro considerou a natureza inédita da situação, que envolve a prisão de um ex-chefe de Estado.
Na mandado de prisão, o juiz explicou que Lula não ficará em uma cela “em atenção à dignidade cargo que ocupou” e determinou que a Polícia Federal não utilize, em hipótese alguma, algemas . De acordo com o juiz, o ex-presidente deve ficar separado dos demais presos para “preservar sua integridade física e moral”.
A prisão de Lula foi decretada com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), fixado em 2016, que autorizou a execução provisória da pena de condenados pela segunda instância da Justiça. Na quarta-feira (4), a defesa do ex-presidente tentou reverter o entendimento, mas, por 6 votos a 5, a Corte negou um habeas corpus preventivo para evitar a prisão.