O presidente Lula disse hoje (9) que não enfrenta "nenhuma dificuldade" para escolher os novos ministros que vão integrar o governo durante o seu segundo mandato. Em rápida entrevista no Palácio do Itamaraty, onde Lula almoçou com o presidente do Peru, Alan García, o presidente declarou que não tem pressa para a composição do primeiro escalão do governo.
"Não existe nenhuma complicação. Se eu tive complicação para formar o governo, foi no primeiro mandato. No segundo mandato eu já tenho o governo formado, que ganhou as eleições. Eu não estou preocupado em montar o governo, temos até o dia 31 de dezembro".
Lula também declarou que conversará com "todas as bancadas de partidos aliados" antes de definir o novo ministério. "Eu quero explicar para eles que tipo de governo que eu quero fazer, como a coisa vai funcionar. A partir daí eu começarei a pensar se vou mudar. E se for mudar, quem eu vou mudar e quando eu vou mudar", afirmou.
O presidente afirmou que pretende, este ano, "desobstruir" áreas do governo antes de escolher os nomes para o próximo ministério. "Isso é para que a gente possa dar um salto de qualidade. E somente depois que eu fizer essas coisas, é que vou começar a pensar no governo que vou fazer no próximo ano", afirmou.
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Lula declarou que não tem nenhuma pretensão de se tornar a principal liderança da América do Sul nos próximos quatro anos. Ao lado do presidente do Peru, Alan García, o presidente brasileiro criticou os chefes de Estado que se "auto-indicam" lideranças políticas. "Ninguém se auto-indica liderança de coisa alguma. Os que tentaram se auto-indicar, fracassaram", disse.
Segundo Lula, a América do Sul não precisa de um líder político, mas da "compreensão coletiva de que não existe saída individual" para o continente no atual contexto do mundo globalizado. "Precisamos juntar nossas experiências, tirar proveito das similaridades de cada país. É isso que vai permitir que não precisemos de um líder, mas de um coletivo que pense com o mesmo objetivo".
O presidente do Peru defendeu que o Lula liderasse o continente no cenário político mundial. "Tome o senhor a liderança da integração americana", disse García.
"Abacaxi"
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que ainda não conversou com o presidente Lula sobre sua possível permanência à frente da economia. Mantega foi questionado se haveria interesse em permanecer no cargo, e respondeu que a incubência de ser o ministro da Fazenda pode ter várias interpretações. "Se vai se livrar do abacaxi, então está contente", decalrou.
Informado de que há interesse de outras pessoas para o cargo, o ministro disse que algumas pessoas gostam de "abacaxi". "Existe abacaxi doce e amargo", afirmou. "O presidente é quem vai anunciar e quem vai dizer. Só ele sabe", acrescentou Mantega.
Em relação à possibilidade de mudanças na diretoria do Banco Central, o ministro também afirmou não ter conversado com o presidente Lula. "O BC tem autonomia e está subordinado ao presidente. Não está mais subordinado ao Ministério da Fazenda", afirmou.
"Mexer por quê?"
De acordo com a jornalista Cristiana Lôbo, o presidente Lula foi claro em conversa com jornalistas no Itamaraty na tarde de hoje, ao dizer que os comandantes da economia vão continuar em seus postos – Guido Mantega, no Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles, na presidência do Banco Central. "Não tenho motivo para mexer. Mexer por quê Para mim está bom" , disse Lula a jornalistas,