O relatório do Conselho de Ética que sugeria a cassação do ex-líder do governo na Câmara Professor Luizinho (PT-SP) foi derrubado por 253 votos a 183. Para que a cassação fosse aprovada, o parecer precisaria do apoio de pelo menos 257 parlamentares. Três deputados votaram em branco e dez anularam o voto.
O petista foi o segundo parlamentar a escapar da degola na noite dessa quarta-feira. Antes dele, os deputados haviam absolvido Roberto Brant (PFL-MG), outro acusado de receber dinheiro das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do mensalão. A situação de Luizinho era considerada mais delicada, já que se acreditava que o Plenário se sentiria constrangido em inocentar dois deputados numa mesma noite.
Após a confirmação de sua vitória, o ex-líder do governo se reuniu com amigos no apartamento do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) para uma comemoração, segundo ele, discreta. “Não vou querer ficar fazendo festa com algo que não se pode festejar. Seria uma falta de sensibilidade", justificou Luizinho.
Apesar da absolvição, o petista afirmou que o processo vai marcar sua vida política. “A pena já está dada e terei de lidar com ela. A chaga aberta não se fechará nunca”, lamentou.
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O processo contra Luizinho teve início depois que a CPI dos Correios descobriu que José Nilson, ex-assessor de seu gabinete, sacou R$ 20 mil do valerioduto em 2004. O dinheiro foi usado para custear parte da campanha de três candidatos a vereador no ABC paulista.
O petista reconheceu que o ex-assessor lhe procurou para pedir recursos, mas disse que nunca autorizou nenhum saque em seu nome. “Não dei autorização para buscar recurso em meu nome. Eu pedi que ele procurasse o Delúbio”, defendeu-se, referindo-se ao ex-tesoureiro nacional do PT.
Quando apresentou sua defesa hoje, da tribuna do plenário, o deputado lembrou que tanto Delúbio Soares quanto José Nilson admitiram em depoimento ao Conselho de Ética que o petista não tinha qualquer envolvimento no saque nem se beneficiou dos recursos. “Quem liberou o dinheiro (Delúbio) deixou claro isso”, afirmou.
O deputado Orlando Fantazzini (Psol-SP) fez a leitura do parecer do Conselho de Ética, já que o relator do processo era o suplente de deputado Pedro Canedo (PP-GO), que deixou a Câmara em janeiro. No texto, o relator-substituto afirmou que a versão de Luizinho não se sustenta. “Nenhum funcionário tem autorização para sacar em nome do deputado sem o consentimento dele. A história é inverossímil”, disse.
Em busca de votos para escapar da cassação, Luizinho apelou para a solidariedade dos colegas. Disse que não embolsou nenhum centavo do valerioduto e lembrou que, durante a elaboração do parecer, o relator do processo dava todos os sinais de que o absolveria. “No dia da apresentação, houve uma reunião antes e veio o relatório sugerindo a cassação”, declarou.