Tradicionalmente, por contar com a maior bancada do Senado, o PMDB tem a prerrogativa de indicar o nome do presidente, mas os senadores podem quebrar o acordo histórico e eleger um candidato diferente daquele indicado pelo partido.
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“Um grupo grande de senadores deve lançar uma chapa forte para a disputa. Há uma tendência em direção ao meu nome. Recebi muitos apelos também de companheiros de vários partidos, o que vai nos possibilitar fazer uma chapa forte e bem representativa”, disse Luiz Henrique ao anunciar a candidatura alternativa.
O senador admite que não conseguiu “viabilizar” o próprio nome como indicação oficial do seu partido, mas disse que a decisão é “irreversível” e que conta com apoios em outras legendas. “Eu tenho sinalização de vários partidos: PSDB, DEM, PDT, PP e PSD”, afirmou.
Luiz Henrique ressaltou que sua candidatura não é de protesto, mas para ganhar e promover mudanças na condução dos trabalhos do Senado. “Eu não vou sair contra o Renan, eu vou sair a favor do Senado e a favor das mudanças reclamadas nas ruas. Como dizia o doutor Ulysses [Guimarães]: ‘o povo quer mudanças. Ou mudamos ou seremos mudados’”, afirmou.
A candidatura de Luiz Henrique pode ainda contar com o apoio do PSB, que terá seis senadores a partir da próxima legislatura. A bancada do partido no Senado vai se reunir na noite de hoje para decidir como votará na eleição para a presidência da Casa.
Segundo a líder do PSB, Lídice da Mata (BA), a pauta da reunião será sobre a proposta de lançar o nome do senador Antônio Carlos Valadares (SE) ao cargo. No entanto, a decisão ainda será discutida e tomada apenas se o partido tiver apoio suficiente das outras legendas para ganhar.
“Vamos conversar hoje, porque não teria sentido expormos o nome do nosso senador mais antigo, nosso líder, um senador que já tem três mandatos, a ser um candidato sem apoio”, disse a líder do PSB pouco antes de receber Luiz Henrique e os colegas Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Waldemir Moka (PMDB-MS) para a reunião em que o nome do parlamentar catarinense foi oficializado.
De acordo com Lídice, há um clima de “desconforto” no Senado, porque Renan Calheiros não admitiu ainda que é candidato à reeleição. Lídice destacou que, apesar de o acordo histórico definir que o partido com maior bancada indica o nome para a presidência, isso não significa que as demais legendas sejam ignoradas. “Não é uma resistência ao nome do Renan. É uma resistência ao PMDB manter as decisões em segredo. É o tal do candidato em off”, definiu a líder pessebista.
Além da eleição para a presidência do Senado, no próximo domingo, os senadores também podem fazer a eleição dos demais membros da Mesa Diretora. A definição de quem ocupará cargos como 1ª vice-presidência e 1ª secretaria também deve obedecer ao critério da proporcionalidade, com o PT sendo o próximo a fazer indicações, por ter a segunda maior bancada. Em seguida, provavelmente na segunda-feira (2), os senadores elegerão os presidentes das comissões permanentes da Casa, seguindo o mesmo critério.