O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, um dos caciques do PSDB que estão em Brasília para o 3º Congresso Nacional do partido, foi interrompido há pouco em seu discurso pelos jovens militantes da legenda que entoavam palavras de ordem contra o governo Lula.
Ao ouvir os gritos de "PSDB Juventude, PSDB atitude!" e "Lula fanfarrão!", FHC se voltou para o grupo de jovens tucanos e declarou: “A juventude do PSDB atitude traduz o meu pensamento: o PSDB é atitude!”.
Passado o tumulto, o ex-presidente voltou a carga contra o governo do PT. "Presidente da República não pode passar a mão na cabeça de aloprado. Lugar de aloprado, no sentido restrito do termo, é no hospício. E de ladrão, na cadeia", disse referindo-se ao escândalo do dossiê supostamente elaborado por petistas contra candidatos tucanos nas últimas eleições presidenciais.
Antes de ser interrompido, o tucano falava sobre o papel desempenhado pelo partido na história recente da política brasileira.
“Se hoje a Petrobras pode se orgulhar de sua produção de petróleo é porque, nos nossos governos, nós investimos em tecnologia. É preciso que haja um governo capaz de buscar os rumos, e foi isso que nós fizemos”, afirmou. FHC também comentou sobre os novos caminhos da economia mundial – diante da qual, segundo ele, o PSDB está atento na elaboração de suas propostas. “Estamos adentrando em uma nova etapa do capitalismo internacional. Isso obrigou o Brasil a fazer uma revisão de sua política econômica”.
Leia também
Serra
O govenador de São Paulo, José Serra, foi um dos tucanos mais procurados pela imprensa durante o Congresso. Ao deixar o auditório depois do discurso de FHC, ele falou à imprensa. Diante do tema mais abordado pelos jornalistas – a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal contra o senador Eduardo Azeredo (MG), acusado de protagonizar o chamado "mensalão mineiro" -, Serra repetiu a cantilena que a maioria dos tucanos entoou.
"Tenho para mim que o senador Eduardo Azeredo é um homem íntegro, honesto, e vai saber se defender neste processo", defendeu. Sobre outro assunto muito abordado pela imprensa (a prorrogação da CPMF), o governador foi evasivo. "Esse é um assunto da alçada da bancada do Senado. Isso não diz respeito ao governador", desconversou.
Ele também falou sobre os rumores de "continuísmo" na Presidência da República (que Lula nega). O assunto, ensejado em nível internacional pela proposta de reforma constitucional apresentada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, que dá poderes excessivos ao atual mandatário, aportou no Brasil depois dos rumores de que o presidente Lula estaria disposto a disputar o terceiro mandato consecutivo. "Não acredito no surgimento de um movimento organizado neste sentido, não creio que isso vá acontecer", declarou.
Após o discurso de FHC, foi encerrado o primeiro dia do 3º Congresso da legenda. Amanhã (23), último dia do encontro, será realizada a eleição do novo presidente do partido, que tem como candidato único o senador Sérgio Guerra (PE). Na ocasião, também ocorrerá a sessão de votação do novo programa da legenda. (Fábio Góis e Erich Decat)
Matéria atualizada às 19h05