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O ex-assessor especial é mencionado pela quadrilha do contraventor, grampeada pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, como alguém que lida com pagamentos, muitos dele para o próprio governador. Diálogos que foram captados nas investigações frequentemente associam Lúcio com valores em dinheiro: alguns específicos, como R$ 1,4 milhão, R$ 500 mil, R$ 67 mil, outros mais genéricos, como “quinhentos” e “cem”. E não é apenas na Operação Monte Carlos que tal associação se dá. Em 2006, a polícia chegou a vasculhar a casa de Fiúza em busca de provas de compra de votos e gastos irregulares na campanha de Perillo, então para senador.
É Lúcio também personagem central de outra denúncia contra Marconi. Segundo o jornalista Luiz Carlos Bordoni, era ele quem intermediava os pagamentos de seus serviços na campanha eleitoral de Marconi em 2010. O dinheiro pago por Lúcio a Bordoni – R$ 90 mil – teve como origem a Alberto & Pantoja, empresa fantasma controlada por Cachoeira. O jornalista afirma que também foi em dinheiro e sem nota fiscal que ele recebeu por seu trabalho na campanha de Marconi em 2002.
Apesar da associação de Lúcio em vários momentos com questões financeiras, a assessoria do governador informou que Lúcio era assessor especial na área de “assuntos sociais”.
Caixa de dinheiro
Se Marconi Perillo recebeu em algum momento dinheiro diretamente de Carlinhos Cachoeira, esse dinheiro chegou a ele passando antes por Lúcio Fiúza Gouthier. Pelo menos é isso o que dizem os responsáveis na Polícia Federal pelas investigações do esquema. No depoimento que prestou à CPI, o delegado Matheus Mela Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, disse que uma caixa com R$ 500 mil foi entregue a Perilo dentro do Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano. “O dinheiro, pelo que se depreende das investigações das gravações da PF, foi recebido por Lúcio Fiúza”, afirma o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) no requerimento de convocação do assessor especial que foi aprovado pela comissão de inquérito.
Em outro momento, em 10 de junho do ano passado, houve uma tentativa frustrada de entregar uma caixa de dinheiro. A tentativa, segundo o inquérito, não deu certo “pelo fato de Lúcio não estar presente” no local combinado, segundo relatório do delegado Matheus no inquérito do Supremo Tribunal Federal 3440, que apura as relações do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) com a quadrilha.
“500 pro doutor Lúcio”
Lúcio também é citado na controvertida história da venda da casa de Marconi Perillo, que acabou nas mãos de Carlinhos Cachoeira. Ela nessa casa que ele estava quando foi preso. Em diálogo de 12 de julho de 2011, período da venda da casa do governador, o bicheiro Cachoeira diz para o ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) que é para dar “os quinhentos” para o “doutor Lúcio” e depois para dar mais “cem”, porque o total é “dois e cem”.
É uma das várias versões envolvendo valores e a casa. De acordo com a Polícia Federal, a antiga residência do governador, no condomínio de luxo Alphaville Ipês, em Goiânia, foi vendida ao bicheiro por R$ 1,4 milhão com dois cheques de R$ 500 mil e um de R$ 100 mil. Em conversa de 6 de julho, Cachoeira diz ao ex-vereador tucano que é para fechar o negócio em R$ 2,2 milhões.
Em depoimento à CPI, o empresário Walter Paulo Santiago disse ter comprado a casa de Perillo com dinheiro vivo, “em notas de R$ 50 e de R$ 100”. Nessa versão, Fiúza aparece de novo. Ele diz que entregou os pacotes de dinheiro a Fiúza e a Garcez. Foi após essa afirmação que Fiúza – oficialmente “a pedido” – deixou o governo de Goiás.
“Aqueles 67”
Em outro momento, o valor que se menciona relacionado com Lúcio é, segundo a PF, R$ 67 mil. Em telefonema de 3 de junho de 2011, Wladimir Garcez pede a Cachoeira para providenciar dinheiro para o ex-assessor de Perillo. “Falei com o Geovani [contador do bicheiro] ontem que eu tinha falado pro Lúcio que hoje eu dava aquele negócio”, explica o ex-vereador. “Vê se tem jeito de você trazer pra mim”, continua ele. Cachoeira não entende, e Garcez explica: “Aqueles 67”. Para a PF, trata-se de R$ 67 mil.
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