Rodolfo Torres
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), entrará com a quarta representação contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética. Dessa vez, o motivo é a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que aponta a prática de nepotismo da família Sarney no Senado.
As escutas, feitas com autorização judicial, também apontam a ligação do peemedebista com Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado, na edição de atos secretos.
“Numa das escutas, Fernando Sarney, filho do senador, diz à filha, Maria Beatriz, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Bernardes. Em conversa com Fernando, alvo da investigação, o próprio Sarney foi gravado. No diálogo, ele se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação”, afirma o periódico paulistano.
Virgílio também encaminhou hoje ofício ao primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), o líder do PSDB, solicitou a abertura de processo administrativo disciplinar contra Agaciel, que teria nomeado o namorado de Sarney por meio de ato secreto.
“Fica evidenciada a intenção do Sr. Agaciel Maia de patrocinar interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário, usando uma nomeação feita por ato secreto”, afirma o tucano no ofício.
Em outro ofício, o líder oposicionista solicita informações de Sarney a respeito das providências tomadas pela Casa em relação à contratação, sem concurso, de 82 estagiários pela Gráfica do Senado. As contratações ocorreram entre os anos de 1992 e 1993. Por sua vez, Heráclito considera que a legalidade dessas contratações sem concurso, que contrariam à Constituição Federal, devem ser submetidas à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
Reunião extraordinária
Nesta quinta-feira (22), um grupo de senadores, entre eles Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS), se reunirá para decidir se o Conselho de Ética da Casa deve se reunir no recesso parlamentar para analisar as novas denúncias contra Sarney.
Cristovam anunciou hoje que vai propor, na volta do recesso, uma espécie de plebiscito entre os senadores para que o plenário decida se apóia a permanência de Sarney no comando do Senado. O Congresso retomará suas atividades no próximo dia 3 de agosto.