Lula não disputará a Presidência em 2010. Foi o que garantiu há pouco o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), ao falar com jornalistas no Salão Verde da Casa. Apesar de entender que o modelo de administração petista deva ter continuidade, Rands disse que não se deve “mexer na regras com o jogo em andamento”.
“Não há a hipótese do terceiro mandato. O próprio presidente Lula foi muito taxativo ao negar isso, ele não cogita a possibilidade de disputar a Presidência em 2010”, declarou o deputado, que ressaltou, entretanto, que há uma “vontade” da população de que Lula continue a governar o país.
Ontem (6), o prefeito de Recife, o petista João Paulo Lima e Silva, declarou que a recondução de Lula ao Palácio do Planalto é a prioridade para a legenda a partir de agora até ao pleito de 2010 (leia mais).
“Sem dúvida existe um apoio da sociedade à idéia”, disse, informando que, em conversas com a bancada petista na Câmara, pondera-se que a continuidade da Era Lula pode se dar com um nome alinhado à bandeira petista, de preferência indicado pelo próprio presidente.
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Para Rands, o PT não quer “mudar a Constituição” no que concerne aos mandatos da Presidência da República. Como é sabido, no Brasil o presidente é eleito para um mandato de quatro anos, prorrogáveis por mais quatro (reeleição), com realização de eleição nacional nos mesmos moldes da anterior, com primeiro e segundo turnos (caso seja necessário). De acordo com a legislação eleitoral, só não haverá segundo turno caso o candidato mais votado obtenha mais de 50% dos votos válidos.
Rands rebateu as críticas da oposição acerca das viagens de caráter supostamente eleitoreiro, nas quais Lula usaria as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para reforçar seu nome e o de seus aliados para os próximos pleitos eleitorais, principalmente para as eleições municipais de outubro.
“O presidente não vai ficar trancado em seu gabinete, como alguns setores da oposição querem. Ele vai continuar viajando para inaugurar as obras do PAC, mas isso não pode ser confundido com campanha eleitoral”, concluiu o petista.
"Desejo incontrolável"
Ao Congresso em Foco, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que há algo mais no hipotético terceiro mandato do que uma simples resposta à sociedade ou um mero desejo de continuidade de um governo que estaria dando certo.
"É uma mistura de desejo incontrolável com uma orientação de jogar as atenções para o lado oposto ao das crises", disse Heráclito, para quem o petismo quer se manter o máximo de tempo no poder, mas negando as crises que assolam sua administração. "É uma tentativa de desviar o assunto."
Segundo Heráclito, mesmo negandio a hipótese de terceiro mandato, tanto Lula quanto os demais caciques petistas querem lançar a discussão à sociedade, para que a idéia venha a ser ao menos discutida e assimilada. Para o senador, mudar as regras do jogo antes do "apito final" é uma afronta à democracia. "Não tenho nenhuma dúvida. Se tiver que fazer isso, que [mandatários] sejam eleitos após a aprovação de proposta [que mude a legislação acerca do mandato para a Presidência da República]. Vamos zerar tudo", concluiu o parlamentar. (Fábio Góis)
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