O líder do PSC na Câmara, Ratinho Júnior (PR), criticou a ‘caixinha’, sistema que exige que todo funcionário público, mesmo não filiado, dê 5% do salário ao partido. “Isso é realmente algo que o partido não aprova. Nós de forma alguma podemos aceitar”, afirmou ele em entrevista ao programa Custe o que Custar (CQC), da TV Bandeirantes, exibido na noite de segunda-feira (12).
No início, Ratinho chegou a negar que seja obrigação doar dinheiro à legenda. Ratinho disse que os funcionários só fazem contribuições quando desejam. Mas confrontado com a mensagem (veja documento) do vice-líder do partido em Brasília, Zequinha Marinho (PA), em que ele diz ter demitido um assessor por falta de pagamento dos 5%, Ratinho condenou a prática, considerada “extorsão” pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). O líder do PSC não disse que medidas tomará para corrigir ou coibir a cobrança feita por seu próprio colega de partido e primeiro vice-líder na Câmara.
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Veja a matéria do CQC em que Ratinho Júnior condena a caixinha do seu próprio partido:
Em São Paulo, três deputados estaduais foram expulsos do PSC por não forçarem seus funcionários a contribuírem com os 5%. Confrontado com o termo de compromisso (veja documento) assinado pelos parlamentares e entregue ao diretório estadual de São Paulo, Ratinho disse que o partido não concorda com a prática. “Na nossa visão, na executiva nacional, no nosso entendimento, não é aquilo que nosso estatuto diz que tem que ser feito”, disse Ratinho, na TV.
Entretanto, isso não impediu Ratinho Júnior de assinar a ata que expulsou os três deputados da legenda por ““não contribuírem na forma estatutária” (veja documento). O próprio presidente regional do PSC em São Paulo, Gilberto Nascimento, é membro da Executiva Nacional, e autor da representação que resultou na expulsão dos três deputados estaduais.
O líder do PSC minimizou os problemas com a caixinha em São Paulo e Brasília. “Na política, o que mais tem é problema”, afirmou Ratinho.
Antes das declarações de Ratinho, o vice-presidente do partido, Everaldo Dias Pereira, afirmara desconhecer a situação e evitou comentar o comportamento de dois importantes quadros do PSC. Ele não sabia porque Zequinha Marinho exigia a ‘caixinha’ sob pena de demisssão. “Não sei qual é o caso. Não sei nada”, disse Pereira no dia 30 de novembro.
O vice-presidente nacional também não sabia dizer por que o presidente regional de São Paulo, Gilberto Nascimento, obrigou, por escrito, que os deputados estaduais recolhessem a ‘caixinha’ na Assembleia Legislativa paulista. “Tudo que está no estatuto é correto. Eu não sei qual documento você está falando. Não vi documento”, afirmou ele em 5 de dezembro.
Como vem mostrando o Congresso em Foco, o PSC obriga os funcionários ligados à legenda a pagarem 5% de seus salários ao partido, mesmo que não sejam filiados. Quem não paga é demitido. Deputados que não cobraram a caixinha foram expulsos do PSC.
Apesar de o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), considerar a situação como um “acordo”, o caso foi avaliado como “muito grave” pelo corregedor da Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE) e “extorsão” pelo líder do PSOL, Chico Alencar (RJ). O líder do DEM, ACM Neto (BA), exigiu que Maia tomasse providências.