O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), elogiou as declarações do presidente Lula sobre gastos na máquina pública. Em entrevista ao jornal O Globo, o petista disse não ser possível governar sem aumentar as despesas, porque, por exemplo, a saúde e a educação precisam de mais profissionais.
“Estamos no caminho certo. Educação é investimento, não é gasto”, disse o deputado, ao Congresso em Foco, hoje (25) à tarde. “Você está investindo no futuro do país.”
Alves disse ser possível uma união entre todos os 11 partidos da base aliada para escolherem um candidato único à sucessão de Lula e que tenha condições de enfrentar o PSDB – cuja tendência atual é lançar os governadores José Serra ou Aécio Neves (MG). “É possível, sim. Ele [Lula] tem dito isso a mim.”
De acordo com o líder do PMDB, a intenção é ensaiar essa união já nas eleições municipais de 2008, em forma de alianças ou de um pacto de não-agressão entre os principais partidos da coalizão, PT e PMDB. “Na eleição municipal, onde for possível, nós nos aliamos ou nos respeitamos, para criar um clima”, contou Alves.
Ele acredita que “o grande eleitor” em 2010 será o presidente Lula, porque o seu governo vai centrar os debates na próxima disputa pelo Palácio do Planalto. Atualmente, a base não tem um pré-candidato consolidado, como o PSDB.
Dilma
O líder da Minoria no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), avaliou que as citações de Lula à ministra da Casa Civil, a petista Dilma Rousseff, significam um lançamento de pré-candidatura, embora o presidente tenha negado isso na entrevista ao O Globo. O presidente da República afirmou que a ministra é sua “sombra na administração”.
“Ele é fã da Dilma. Não tenha dúvida que a Dilma se tornou a primeira candidata do partido”, afirmou Demóstenes ao Congresso em Foco. O senador fez uma ponderação. Lembrou que, às vezes, um candidato é lançado previamente para ser desgastado e ocultar outro.
Integrante da oposição, Demóstenes duvidou das declarações de Lula de que não deseja um terceiro mandato. “Embora isso seja negado em palavras, há um número grande de projetos na Câmara dos Deputados propondo terceiro mandato e parlamentarismo”, contou o parlamentar do DEM.
Argumentação falsa
O senador considerou falsa a argumentação de Lula sobre os gastos com pessoal. “Quem é contra contratar médicos, professores e policiais? Os gastos da União são com servidores comissionados. É contra isso que nós brigamos”, afirmou Demóstenes.
Na opinião do parlamentar, o governo deveria priorizar os gastos em infra-estrutura, capacitação profissional e escola em tempo integral. Ele lembrou que a Defensoria Geral da União pede a contratação de servidores efetivos, mas, segundo Demóstenes, o Executivo prefere contratar comissionados. (Eduardo Militão)