Em entrevista ao vivo dada na madrugada deste sábado ao jornalista Larry King, da rede de televisão CNN, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse temer que ocorra “um grande desastre humanitário” no Líbano se as forças de Israel e do Hezbollah não cessarem imediatamente a violência.
“Espero que avancemos em um ou dois dias, as coisas se cristalizem e as partes se preparem para fazer isso. Caso contrário, Larry, temo que haja um grande desastre humanitário”, afirmou Kofi Annan.
Segundo ele, 500 mil libaneses deixaram suas casas até o momento e 150 mil atravessaram a fronteira em direção à Síria. “Com a destruição de pontes e da infra-estrutura, está extremamente difícil até mesmo chegar nos locais para avaliar quantas pessoas precisam de ajuda e como podemos prestá-la”, acrescentou o secretário-geral.
Annan condena as duas partes envolvidas no conflito. Criticou o Hezbollah pelo seqüestro de dois soldados israelenses e disse que “a resposta israelense foi excessiva e desproporcional”. Ele defende o envio de uma força internacional ao Líbano para ajudar o governo daquele país a desarmar o Hezbollah.
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“O extensivo bombardeio da infra-estrutura civil libanesa, de pontes, aeroportos, e o bloqueio imposto ao Líbano, tanto por mar quanto por terra, tornando difícil a movimentação de pessoas e podendo ainda tornar difícil o suprimento de comida e medicamentos, é uma punição contra o povo libanês como um todo”, disse Kofi Annan.
Sugerindo sutilmente que Israel corre o risco de despertar a repulsa da opinião pública internacional, ele acrescentou que o público “tende a esquecer o pecado original, o pecado original do seqüestro dos soldados” se os conflitos continuarem a produzir tantas imagens de libaneses feridos, transmitidas pela TV pelo mundo afora.
E completou que a situação se complicará ainda mais se Israel entrar no Líbano utilizando forças terrestres.
Nos últimos dias, a ofensiva israelense incluiu, além dos ataques aéreos (realizados desde o início do conflito, no último dia 12), várias incursões por terra no sul do Líbano. A região tem sido usada pelo Hezbollah como base para o lançamento de foguetes contra Israel.
De acordo com diversos relatos de veículos de imprensa internacionais, Israel, que se declarou oficialmente em guerra contra o Líbano e convocou 3 mil reservistas, planeja ocupar – ainda que temporariamente – o sul da nação vizinha para pôr fim aos ataques do Hezbollah. (Sylvio Costa)