A corrupção foi tema central de reportagem produzida pelo jornal francês Le Monde. Mais uma vez o Congresso em Foco foi destaque na publicação. Em análise sobre o assunto – que tem de destacado como um dos mais centrais da eleição – Sylvio Costa, fundador do site avalia que os brasileiros estão mais intolerantes com a corrupção.
Conforme o fundador do Congresso em Foco, os prejuízos acarretados com o mau uso da verba pública atingem principalmente a área social. “Corrupção concentra renda, aumenta a desigualdade, afeta principalmente os mais pobres e “privatiza” o dinheiro do povo em benefício dos mais privilegiados. Acima de tudo, é um obstáculo ao nosso desenvolvimento”, pondera Sylvio Costa.
Veja abaixo a íntegra da entrevista.
A intolerância dos brasileiros com a corrupção tem crescido
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Sylvio Costa fundou o site Congresso em Foco, especializada em informação política independente em 2004, e já trabalhou nos jornais Correio Braziliense e Folha de S. Paulo. Ele recebeu vários prêmios por suas investigações. Ele se volta para a corrupção, que surgiu no Brasil como um tema central da campanha presidencial, cuja primeira rodada se realizou em 5 outubro.
Corrupção atingiu níveis sem precedentes no Brasil?
Eu não acho que não há provas suficientes para dizer isso. No primeiro estudo da Transparência Internacional, em 1995, o Brasil estava em 37° colocação. Em 2013, nós fomos para 72° colocação. Mas nós fizemos pior momento foi 2008. Especificamente, é a intolerância brasileiros com a corrupção que está crescendo. O processo é lento e complexo, mas estamos progredindo. Novas bases jurídicas importantes foram estabelecidos nos últimos anos. Por exemplo, os tribunais federais podem agora abrir investigações criminais contra eleito sem passar pelo Congresso. Mas ainda há muito fazer. A sociedade brasileira continua profundamente corrupta. Existem laços entre o Estado, os grupos políticos e os empreiteiros que apóiam uns aos outros.
Qual é o prejuízo para o país?
Seus termos financeiros é difícil de medir, apesar de sabermos que o custo é enorme. Em 2006, o Congresso em Foco realizou uma pesquisa que indicou, com base em cálculos de especialistas, que a corrupção consumia 0,5% do PIB. Mas eu acho que o impacto da corrupção vai muito além desse valor.
Em relação ao custo, não é o prejuízo pré-social. Corrupção concentra renda, aumenta a desigualdade, afeta principalmente os mais pobres e “privatiza” o dinheiro do povo em benefício dos mais privilegiados. Acima de tudo, é um obstáculo ao nosso desenvolvimento. A corrupção é certamente uma das causas da ineficiência do Estado brasileiro, da marginalização social e defeitos do nosso sistema político.
Com toda essa sucessão casos e inquéritos, podemos falar em “judicialização” da política brasileira?
O Partido dos Trabalhadores [PT, esquerda no poder] e os seus simpatizantes que começaram a sustentar essa tese desde o início do caso do “mensalão” [o “escândalo dos pagamentos mensais” para compra de voto de deputados aliados do governo durante o primeiro mandato de Lula]. Nos primeiros anos do PT [criada em 1980], o discurso estava voltado para a questão da corrupção e da ética na política. Mas o PT estava cansado de ser oposição, e concluiu que para ganhar o poder, era necessário fazer concessões.
Na verdade, o PT é mais ou menos a mesma coisa que os outros. O problema é que ele foram pegos em flagrante com o “Mensalão”. Desde então, o partido, em vez de fazer uma autocrítica e uma séria renovação, utiliza a desculpa sem fim, desta pretensa “judicialização”. Paulo Maluf [Partido Progressista, de centro-direita, São Paulo] l circula livremente na Câmara dos Deputados, mas ele não pode colocar os pés em mais de 180 países sob risco de ser preso [ex-prefeito de São Paulo, ele tornou-se um símbolo da corrupção política no Brasil]. Muitos parlamentares deveriam estar na cadeia. O Judiciário tem se mostrado incapaz de condenar com rigor e rapidamente os bandidos que infestam a política brasileira. No entanto, no caso do “mensalão”, o Supremo Tribunal condenou os membros do PT e seus aliados com um rigor que nunca tinha demonstrado em outros casos.
O caso Petrobras pode ter um impacto sobre Dilma Rousseff?
É claro que a Petrobras é um problema para presidente. Dilma foi ministra de Minas e Energia. Ela era presidente do conselho de administração da empresa. Do ponto de vista pessoal, eu acho que nós temos uma presidente acima da média de comportamento e ética. Eu ficaria muito surpreso se aparecesse uma denúncia de que Dilma está diretamente ligada com a corrupção. Mas, como gerente, é seriamente equivocada. Como ela permitiu que a empresa tevesse um dos seus diretores preso por participar de uma teia de corrupção? Sem mencionar o desempenho desastroso da Petrobras sob sua liderança. A empresa pública tem perdido valor. Ela não operou por sua vez, para encontrar novas fontes de energia. Então, sim, a Petrobras tem prejudicado seriamente o prestígio de Dilma.