A defesa do ex-secretário de Finanças do PT , João Vaccari Neto, afirmou que todas as declarações imputadas por delatores contra o petista na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) não foram comprovadas. A defesa de Vaccari afirma que a PF nem chegou a realizar diligências que comprovassem o envolvimento do petista no escândalo de corrupção da Petrobras. As alegações do ex-contador em relação à denúncia do MPF foram apresentadas ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.
O MPF suspeita que Vaccari utilizou uma gráfica ligada ao PT para receber propina. De acordo com o processo, o ex-tesoureiro do partido determinou que os recursos da Setal Óleo e Gás (SOG) fossem aplicados na Editora Gráfica Atitude. Ao todo, o grupo Setal destinou R$ 2,4 milhões à gráfica para obter vantagens em contratos com a Petrobras. Todas as transações foram comprovadas por meio de depósitos bancários feitos pela SOG. A ação penal do MPF se baseou nos depoimentos de Augusto Ribeiro Mendonça, executivo da Toyo Setal.
Os advogados do petista argumentam que a delação premiada do executivo contém “declarações dúbias e contraditórias”. Eles alegam que os documentos obtidos pelo MPF apenas confirmam uma eventual relação comercial entre os dois estabelecimentos. A defesa admite que houve uma parceria entre o grupo Setal e a Editora Gráfica Atitude, mas que isso “nada prova contra o acusado, que não solicitou depósito para a editora”.
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De acordo com os advogados da D’urso e Borges, os argumentos do MPF levam em conta falas do executivo que não foram comprovadas. “As declarações dos delatores carecem de confirmação. Nenhuma das partes citadas por Augusto Mendonça como supostos participantes de atos ilegais foram sequer ouvidos. Os depoimentos dos delatores precisam ser comprovadas, caso contrário a presunção de inocência é colocada em risco”, diz a contestação.
A defesa considera que a denúncia contra Vaccari é prematura, pois os representantes da editora não foram consultados. Os advogados afirmam que os documentos em poder do MPF são suficientes para a abertura de um simples inquérito policial, e não de uma ação penal. “ É necessário esclarecer muitas lacunas que estão abertas. Nenhuma prova existe contra o acusado, o denunciado deve ser absolvido sumariamente”.
João Vaccari responde por outros processos na Justiça. O ex-vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, declarou nesta terça-feira (26/05) à CPI da Petrobras que o ex-contador do PT propôs que a empreiteira efetuasse o pagamento de “dívidas oriundas de propina” por meio de doações legais ao partido. O ex-gerente de Serviços da estatal, Pedro Barusco, afirmou que Vaccari arrecadou R$ 200 milhões para o PT nos últimos anos a partir do esquema. O doleiro Alberto Youssef também envolveu o tesoureiro em sua delação premiada. Segundo as acusações, Vaccari recebia, em nome da sigla, propina paga por empreiteiras que firmavam contratos superfaturados com a estatal.