A Polícia Federal prendeu, na manhã desta segunda-feira (3), em Brasília, o ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado José Dirceu (PT-SP) na 17ª fase da Operação Lava Jato. De acordo com a Polícia Federal, a nova fase da Lava Jato mira agentes que recebiam vantagens indevidas a partir de contratos com o poder público por meio de laranjas. Dirceu é suspeito de ter recebido propina disfarçada na forma de consultoria por meio de sua empresa JD Assessoria. A JD faz parte de uma lista de 31 empresas suspeitas de lavar dinheiro em contratos da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
Ao todo, são cumpridos 40 mandados judiciais no Rio de Janeiro, em Brasília e São Paulo: três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva. Esta etapa leva o nome de Pixuleco, em alusão ao termo utilizado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ao pagamento de propina, segundo os investigadores. Dirceu cumprirá prisão preventiva sob a alegação de que, mesmo sob prisão domiciliar, ele oferecia “risco à ordem pública”.
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Um relatório produzido pelos investigadores da operação sobre as irregularidades da construtora Camargo e Corrêa mostra que, de 2009 a 2014, durante a vigência do contrato de obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a empresa repassou R$ 67,7 milhões a duas empresas do consultor Júlio Camargo, a Piemonte (que recebeu R$ 22,7 milhões) e Treviso (para a qual foram repassados R$ 45,048 milhões). Camargo já assinou um acordo de delação premiada com a Justiça e, em depoimento, confessou os crimes.
Essas duas empresas depositaram R$ 1,375 milhão ao lobista Milton Pascowitch no mesmo período. Ele afirmou, em delação premiada, que Dirceu quem fazia “insistentes” pedidos de dinheiro, necessários para garantir a manutenção dos contratos da Engevix com a Petrobras.
O laudo da Polícia Federal confirma que, por meio de Pacowitch, o dinheiro chegou a Dirceu. Entre 2011 e 2012, a Jamp repassou a José Dirceu valor bem próximo ao que ele recebeu: R$ 1,457 milhão. Os valores recebidos por Dirceu da Jamp constam de um relatório da coordenação-geral de pesquisa e investigação da Receita Federal.
Dirceu foi preso em sua residência na capital federal, onde cumpre em regime domiciliar pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão.Ele não ofereceu resistência aos policiais. Ainda não foram divulgados os nomes dos demais presos. Mas todos devem ser transferidos para Curitiba, onde estão concentradas as investigações conduzidas pelo juiz federal Sérgio Moro. Eles são suspeitos de ter praticado os crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
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