Vaccarezza é acusado pelo doleiro Alberto Yousseff, um dos principais operadores dos desvios de dinheiro, de ter recebido do próprio Yousseff “três ou quatro” repasses de R$ 150 mil, por intermediação de outro delator, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. O petista nega a denúncia e diz que sua consultoria está dentro da lei, sem qualquer relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato.
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“Nunca fiz nenhuma consultoria para empreiteira – nem quando era deputado, nem agora. Na minha casa só entrou, até hoje, fruto do meu trabalho. Não tem nenhuma facilidade”, defendeu-se Vaccarezza, ex-líder dos governos Lula e Dilma Rousseff na Câmara.
Segundo reportagem de Andréia Sadi e Bruno Boghossian, registros da Junta Comercial de São Paulo mostram que a empresa aberta por Vaccarezza, a CB Assessoria e Consultoria Empresarial, deu início às suas atividades em 13 de março, sete dias depois da formalização dos inquéritos da Lava Jato no STF. Em 6 de março, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu autorização a Teori, relator do caso naquela corte, para investigar políticos e ex-políticos com foro privilegiado – caso de Vaccarezza, deputado federal no período investigado, e de figuras como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A reportagem informa que a CB Assessoria oferece serviços para “outras atividades profissionais, científicas e técnicas”, além de prestar “serviços combinados de escritório e apoio administrativo”. Além desse empreendimento, o ex-deputado petista tem a consultoria CESV Assessoria e Planejamento Eireli, que entrou em funcionamento em 30 de janeiro de 2015, véspera da posse dos parlamentares desta legislatura (2015-2018). A CESV presta “atividades de consultoria em gestão empresarial” e faz “preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo”.
A Folha lembra ainda que Vaccarezza não é o primeiro petista que, ao fim dos respectivos mandatos eletivos ou funções no governo, abre consultorias. Os ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Antonio Palocci – este, também investigado na Lava Jato – também atuam como consultores.