O Ministério Público Federal investiga o repasse de R$ 89,5 milhões para empresas ligadas ao operador financeiro Adir Assad e para o advogado Rodrigo Tacla Duran, alvos da 36ª fase da Operação Lava Jato, por dois consórcios e empreiteiras que executaram as obras de ampliação da marginal Tietê, em São Paulo, entre 2009 e 2011. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A ampliação das pistas da marginal foi feita por meio de convênio firmado entre o governo de São Paulo, na época comandado pelo atual ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), e a prefeitura na gestão de Gilberto Kassab (PSD), atual ministro das Comunicações, Ciência e Tecnologia de Michel Temer.
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Segundo a reportagem, os repasses constam de relatórios anexados pela Procuradoria da República em Curitiba no pedido de busca e de prisões que embasaram a ação da Polícia Federal. A nova etapa da Lava Jato, batizada de Dragão, aponta Assad e Duran como “operadores financeiros especializados na lavagem de capitais de grandes empreiteiras”.
Os consórcios Nova Marginal Tietê (Delta Engenharia e Sobrenco) e Desenvolvimento Viário (EIT e Egesa), responsáveis pelas obras de ampliação, foram contratados pela estatal paulista Dersa, que coordenou a licitação, por um valor total de R$ 816,9 milhões. O custo total das obras da Nova Marginal chegou a R$ 1,75 bilhão – 75% acima do estipulado no primeiro orçamento, de 2008.
Conforme o Estadão, os repasses considerados suspeitos pelos procuradores foram feitos diretamente para três empresas ligadas a Assad e para um escritório de advocacia de Duran. Por não terem estrutura física ou pessoal para prestar esse tipo de serviço, essas empresas “revelaram-se como meras pessoas jurídicas interpostas em operações de lavagem de capitais”, afirma o relatório do MPF. Duran ainda não foi preso e está na lista da Interpol como foragido. Assad já estava preso em Curitiba desde agosto.
PublicidadeOs investigadores apuram se os pagamentos efetuados pelos consórcios e por empresas líderes estão relacionados a desvios na obra da Nova Marginal. Se a suspeita se confirmar, a investigação deve ser encaminhada para a Procuradoria da República em São Paulo.
Em resposta ao Estadão, a Dersa informou que não fez qualquer pagamento às empresas denunciadas e que todos os repasses referentes à Nova Marginal foram efetuados diretamente para os consórcios contratados. O ministro José Serra não respondeu o contato da reportagem. Kassab disse que a prefeitura de São Paulo prestou apoio técnico e logístico, conforme previsto na legislação, desde o início até a conclusão das intervenções. “Esse apoio compreendeu o monitoramento do trânsito, aprovação de implementação de adequações provisórias de tráfego e sinalização necessárias durante a execução e, também, após o término das obras.”