Os deputados pretendem receber as informações da Kroll até o fim de agosto, diz o Estadão. Segundos os repórteres Daniel Carvalho e Daiene Cardoso, a investigação paralela da Kroll vasculha eventual abertura de contas correntes, movimentações financeiras e ativos patrimoniais no exterior que possam ter ficado de fora da delação de Camargo. Uma vez constatadas possíveis omissões, o passo seguinte seria deslegitimar os depoimentos do lobista e, assim, facilitar a defesa de Cunha, um dos políticos investigados no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramitam os processos de autoridades com foro privilegiado.
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O primeiro contrato firmado com a Kroll custou R$ 1,18 milhão, já pago, e determina a investigação de 15 pessoas. Dois dos aliados de Cunha – Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI da Petrobras, e André Moura (PSC-SE), um dos sub-relatores do colegiado – foram responsáveis escolheram 12 dos alvos da empresa de espionagem. Na lista de investigados não há políticos, mas ex-diretores da Petrobras, executivos de empreiteiras, lobistas e demais operadores do esquema de fraude em contratos com a petrolífera.
A defesa de Cunha já pediu ao STF a suspensão da ação penal em que Camargo acusa Cunha. Os advogados do peemedebista dizem ter havido “anomalia jurídica” no procedimento, uma vez que o depoimento do lobista foi colhido na primeira instância da Justiça, no Paraná, quando a legislação diz que autoridades com direito a foro privilegiado só podem ser investigados no Supremo. Responsável pelas investigações em primeira instância, o juiz federal Sérgio Moro rebate essa versão dizendo que delatores não podem ser silenciados no curso dos relatos.
Ainda segundo a reportagem, apenas Cunha, Hugo Motta e André Moura, “em tese”, têm acesso à lista de investigados da Kroll – empresa que foi contratada sem realização de licitação, o que provocou protestos na CPI. Membro do colegiado, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) diz que Motta esconde os trabalhos da Kroll. Motta nega a acusação: “Estamos em período de contratação. Quando o contrato estiver fechado, será divulgado o número de investigados e o valor a ser pago”, justifica o parlamentar paraibano, acrescetando que não faz comentários sobre os investigados.