Reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, desta noite afirma que o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, é o responsável pelo vazamento do dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A reportagem revela um laudo preliminar do Instituto de Tecnologia da Informação, assinado por Jean Carlo Rodrigues, José Rodrigues Gonçalves e André Machado Caricatti.
À reportagem do telejornal, José Aparecido confirmou a troca de e-mails com André Fernandes, assessor do senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Ele até chegou a admitir a possibilidade de que um arquivo anexo tenha sido enviado a André Fernandes. Contudo, negou que tenha enviado o dossiê ao e-mail do assessor do parlamentar tucano. José Aparecido foi levado à Casa Civil pelo deputado federal cassado José Dirceu, quando o petista era ministro da pasta.
Na terça-feira dessa semana, José Aparecido prometeu entregar copias dos e-mails trocados com André Fernandes que, em sua avaliação, provariam que o arquivo anexo enviado ao assessor parlamentar não era o dossiê. Porém, hoje ele alegou que as cópias estão em Goiás e que só na próxima semana poderá apresentá-las.
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No dia 11 de fevereiro deste ano, antes de o Congresso instalar a CPI dos Cartões, José Aparecido disse que cedeu dois funcionários para criar um arquivo sobre gastos do governo passado. De acordo com ele, os funcionários foram cedidos a pedido do secretário de administração da Casa Civil, Norberto Temóteo.
“Nessa conversa ele disse que iria ter uma CPI e que no escopo dessa CPI eles seguramente iriam pegar dados a partir de 98, do suprimento de fundos. E que como esses dados estavam desorganizados, eles achavam que a CPI, em algum momento, poderia vir a pedir esses dados e então eles precisavam de certa forma organizar, sistematizar esses dados," afirmou.
Por sua vez, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) confirmou as informações ao Jornal Nacional. “As informações vieram do computador do senhor José Aparecido, que trabalha na Casa Civil da Presidência da República. Essas informações vieram por e-mail, do computador do senhor José Aparecido para um computador no Senado Federal,” disse o tucano.
O parlamentar paranaense destacou que não sabe porque as informações foram endereçadas ao e-mail de seu assessor. “Não imagino o porquê. Certamente houve uma alteração de cronograma, houve um atravessamento, não era hora de vazar esse dossiê, não era isso que estava estabelecido por quem ordenou.”
Quem fez o dossiê?
No entanto, o tucano destacou que “o mais importante agora é saber quem mandou fazer esse dossiê e porque mandou fazer”. Procurado pelo telejornal para comentar a reportagem, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não quis falar. Ela afirmou que vai aguardar a investigação da Policia Federal, que hoje teve autorização da Justiça para prorrogar, por mais 60 dias, o inquérito que apura o vazamento do dossiê.
Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), o mais importante não é o vazamento, mas quem mandou fazer o dossiê. “Não acredito que a oposição vazou, e não acredito que o vazamento é o que seja importante. O importante é a elaboração de um dossiê com o objetivo de intimidar a oposição”, destacou o tucano.
Novo depoimento de Dilma
Virgílio defendeu que José Aparecido compareça à CPI dos Cartões para prestar depoimento. No entanto, o tucano ressaltou que quer que a ministra compareça à Comissão de Constituição e Justiça do Senado. "Se ela se saiu tão bem, que ela brilhe novamente. Quem sabe ela não cresce ainda mais nas pesquisas", ironizou o tucano, em referência à comemoração dos governistas sobre o depoimento de ontem da ministra no Senado.
Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS) destaca que a divulgação do laudo preliminar “condiz com tudo aquilo que a ministra Dilma tem reiterado sistematicamente.” “Isso bate com que a ministra tem dito: que ela fez um trabalho sério, republicano. Se alguém usou dessas informações e repassou, lamentavelmente quem cometeu esse tipo de deslize não merece estar no Palácio do Planalto e em nenhuma estrutura de governo. Quem vaza informações de caráter confidencial não pode merecer o crédito e a confiança de ninguém.”
Em relação ao desempenho da ministra ontem, durante audiência na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, o petista não escondeu a satisfação: “A ministra deu um banho de bola. Nove horas de exposição para o país inteiro, credibilidade, competência, verdade, sinceridade – inclusive na resposta ao senador José Agripino. Ela dominou o ambiente, foi muito bem, e o governo agora está numa posição absolutamente confortável, uma posição de dianteira”. (Rodolfo Torres e Fábio Góis)
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